Literatura - Reino de Deus- Teu é o Reino


Capítulo 7 - O Reino Pregado


O REINO PREGADO

Agora vamos entrar na parte central do nosso estudo. Quando Jesus estava na terra, confirmou o conceito do Reino de Deus do Antigo Testamento, ou alterou-o?

JESUS AFIRMOU SER O MESSIAS

Primeiro, notemos que Jesus disse claramente que ele era o prometido Messias, ou Cristo. Nos primeiros dias do seu ministério uma mulher Samaritana disse-lhe:

"Eu sei... que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas." (João 4:25)

Jesus imediatamente respondeu:

"Eu o sou, eu que falo contigo."

Quando Jesus foi julgado no final do seu ministério, o sumo sacerdote aplicou-lhe o Juramento do Testemunho, o qual nenhum Judeu piedoso poderia evadir ou responder falsamente:

"Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus." (Mateus 26:63)

Observe que o sumo sacerdote conhecia a promessa feita a David. O Cristo não somente seria um governante, mas também Filho de Deus. A resposta de Jesus foi:

"Tu o disseste" (Mateus 26:64)

Para nós, esta poderia ser uma resposta evasiva, mas de facto expressava total concordância, pois naqueles tempos a cortesia impedia responder com um direto "sim" ou "não." Mais tarde o governador romano fez uma pergunta similar:

"Logo, tu és rei?" (João 18:37)

De novo chegou a afirmação cortês:

"Tu dizes que sou rei." (João 18:37)

E por causa desta afirmação e apesar de veemente oposição dos sacerdotes, Pilatos colocou no cimo da cruz de Jesus este título do seu reinado:

"JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS." (João 19:19)

Assim sendo, fica claro que Jesus disse que era o Messias, mas, usou o termo no mesmo sentido que os seus irmãos, os Judeus? Pregou acerca desse tempo de bênçãos para o mundo quando reinaria no trono de David como rei sobre o Reino de Deus?

Ou disse aos seus ouvintes que todo o tempo tinham estado enganados nas suas crenças, já que o Reino de Deus não era literal, e que este reino consistia mas sim na sua soberania sobre as vidas presentes?

Mesmo uma leitura superficial dos evangelhos proporciona a resposta. Jesus apoiou completamente o ensino do Antigo Testamento sobre o Messias. Ele falou do tempo quando viria e se sentaria "no trono da sua glória" (Mateus 25:31), quando os seus discípulos partilhariam da responsabilidade do governo com ele (Mateus 19:28). Também disse que Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas estariam no Reino de Deus, e se sentariam ali com as multidões que teriam sido congregadas de todos os lugares da terra (Lucas 13:29).

O QUE AS PESSOAS PENSAVAM DE JESUS

Aqueles que ouviram Jesus e não lhe desprezaram por sua aparente origem humilde acharam convincente a sua pretensão de ser o Messias. André disse ao seu irmão Pedro:

"Achamos o Messias (que quer dizer Cristo)." (João 1:41)

Também Filipe disse ao seu amigo Natanael:

"Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José." (João 1:45)

Mais ou menos um ano mais tarde, depois de ouvir Jesus e ver o seu poder de curar, o povo perguntou:

"É este, porventura, o Filho de Davi?" (Mateus 12:23)

Três anos na sua companhia fizeram com que os seus discípulos estivessem mais convictos da afirmação de Jesus. Numa ocasião perguntou-lhes quem eles pensavam que ele era. Pedro, como sempre, foi o porta-voz deles , respondendo de novo na linguagem das promessas aos patriarcas:

"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." (Mateus 16:16)

Se Jesus não era o Messias no sentido convencional dos Judeus, aqui tinha uma oportunidade ideal para instruir os seus discípulos sobre a sua verdadeira missão. Mas a sua resposta confirmou que o entendimento deles estava correto:

"Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus." (Mateus 16:17)

O EFEITO DA PREGAÇÃO DE CRISTO

Não pode haver dúvida então, que quando "percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino" (Mateus 9:35), estava a falar-lhes do cumprimento das promessas feitas a Abraão e David. O que não lhes disse expressamente foi quando seria estabelecido o Reino. Tendo em mente a ocupação opressiva da sua terra pelos Romanos, não é de surpreender que tendo reconhecido Jesus como o seu Messias, os Judeus esperassem que nesse mesmo momento fosse quebrado o jugo Romano, e estabelecido o novo trono de David, e governasse em justiça como os profetas tinham predito. Na última ocasião em que Jesus viajou até Jerusalém esta expetativa tornou-se mais pronunciada. À medida que subia desde Jericó multidões cada vez mais excitadas reuniam-se a ele até que chegou a Jerusalém acompanhado duma multidão de homens, mulheres e crianças cantando e aclamando-o como Messias, o Filho de David:

"E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!" (Mateus 21:9)

Mas todos sabem o que aconteceu a Jesus durante a sua visita a Jerusalém. Foi preso. Uns dias mais tarde, a mesma multidão que lhe deu as boas vindas à cidade clamava para que fosse crucificado, e em poucas horas estava Jesus pendurado sem vida na cruz. Significa isto que Jesus não era o Messias? Acaso era um impostor, e a sua afirmação de ser o filho prometido a Abraão e David era falsa?

Não. Se aqueles Judeus tivessem estudado as Escrituras com mais perspicácia, poderiam ter visto que a obra do Messias compunha-se dois aspetos. Já vimos que uma parte das bênçãos que hão de vir sobre o mundo pela obra do descendente de Abraão é o perdão de pecados. O seu sacrifício na cruz tornou possível esse perdão, e é um aspeto vital da missão do Salvador que consideraremos em detalhe no capítulo 9. Mas por agora devemos voltar ao ensino de Jesus acerca do Reino de Deus.

Naquela fatídica viagem a Jerusalém, Jesus já tinha indicado que embora o Reino de Deus viesse um dia, não apareceria imediatamente. Lucas registou o ensino de Jesus enquanto viajava com eles:

"Ouvindo eles estas coisas, Jesus propôs uma parábola, visto estar perto de Jerusalém e lhes parecer que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente." (Lucas 9:11)

Como conseguiu esta parábola corrigir tal impressão? As suas claras palavras provêm a resposta:

"Então, disse: Certo homem nobre partiu para uma terra distante, com o fim de tomar posse de um reino e voltar." (Lucas 19:12)

É óbvio que o homem nobre é o próprio Jesus, e com esta parábola dizia-lhes que teria que partir "para uma terra distante," uma inequívoca alusão à sua ascensão ao céu. Depois regressaria à terra com autoridade para estabelecer o Reino. Uns dias mais tarde deu em privado aos seus discípulos uma mensagem similar. Falou-lhes das muitas coisas terríveis que aconteceriam em Jerusalém e ao povo Judeu; mas posteriormente regressaria para salvar o mundo:

"Então, se verá o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória... Assim também, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que está próximo o

Eis aqui um resumo do que averiguamos até aqui sobre a pregação de Cristo:

  1. Jesus pregou o evangelho, ou boas novas, do Reino de Deus.
  2. Os seus ouvintes esperavam um Reino literal na terra, tal como tinha sido prometido aos seus pais.
  3. Ele viram em Jesus o seu ansiado Messias.
  4. Jesus ensinou que o Reino seria estabelecido na sua segunda vinda, e não durante o seu primeiro ministério.

O que foi trágico acerca da atitude dos discípulos foi que as advertências de Cristo sobre a sua morte iminente não foram compreendidas. Tendo estado no apogeu da esperança na sua entrada triunfal em Jerusalém, afundaram-se nas profundezas do desespero na sua crucificação. A pessoa que genuinamente criam ser o Messias, estava morta! Assim comentou um deles dias mais tarde:

"Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel." (Lucas 24:21)

Então aconteceu a coisa mais maravilhosa! Jesus levantou-se dos mortos e apareceu-lhes. Falou com eles, comeu com eles e puderam examinar as suas cicatrizes dos cravos nas mãos. Realmente "A estes... se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis" (Atos 1:3). De que falaram o ressuscitado Jesus e os seus discípulos? Lucas diz-nos na mesma passagem que não foi outra coisa senão do Reino de Deus:

"... aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus." (Atos 1:3)

SERÁ ESTE O TEMPO?

Não é difícil de imaginar a reação dos discípulos. Jesus tinha vindicado o seu direito de ser o Messias através da sua ressurreição. Estava a falar do Reino de Deus que os profetas tinha predito. Certamente o tempo que tinham estado à espera tinha chegado ao fim. Com vozes ansiosas perguntaram-lhe se tinha chegado o momento de tomar o trono de David e reinar como rei:

"Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?" (Atos 1:6)

Novamente havia uma oportunidade para que Cristo os corrigisse se o seu conceito do Reino era incorreto. Eis aqui a melhor oportunidade para explicar-lhes que o Reino que veio estabelecer era espiritual, e que quando eles fossem converter o mundo estariam a criar o Reino de Deus ao formar um corpo de Crentes que estenderiam a influência e o domínio de Deus por todo o mundo.

Mas Jesus não os corrigiu. O seu único comentário foi sobre o tempo da aparição do Reino, não sobre o próprio facto:

"Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade." (Atos 1:7)

Estas foram quase as últimas palavras de Cristo para os seus discípulos. Enquanto olhavam para ele, ascendeu ao céu e desaparecera. Jesus tinha aparecido e desaparecido antes durante esses quarenta dias posteriores à sua ressurreição; mas obviamente esta era a despedida final, e eles viram-no ir com pesar nos seus corações. Talvez de novo passou-lhes pela mente o pensamento: "É este o final?" Se assim foi rapidamente se dissipou pela presença de dois homens de vestes brancas que silenciosamente tinham-se juntado ao grupo. Este anjos tiveram palavras enfáticas de reafirmação:

"Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir." (Atos 1:11)

Assim souberam os discípulos que a esperança do Reino não se tinha extinguido, mas que o seu cumprimento se demoraria até ao retorno de Jesus.

A PRIMEIRA PREGAÇÃO DO CRISTIANISMO

Uns poucos dias depois da ascensão do seu Mestre, os discípulos estiveram sob a influência direta do Espírito Santo como tinham estado os profetas no passado (Atos 2:1-4). Eles imediatamente puseram em ação este novo poder e autoridade e começaram a tarefa de convencer, primeiros os Judeus e depois todo o mundo, que Jesus era o Messias.

Começaram em Jerusalém. Uma multidão congregou-se e Pedro começou a falar-lhes acerca de Jesus. Esta era a primeira ocasião na qual o Cristianismo estava a ser pregado ao mundo. A que se referiu Pedro? Nada menos que à promessa que Deus tinha feito a David! Lembrou aos seus ouvintes que Deus tinha dito a David que ele teria um filho, o Cristo, o qual sentar-se-ia no seu trono. O argumento era que David tinha previsto a morte e ressurreição do seu descendente, e como podia-se demonstrar que este homem Jesus a quem o Judeus tinham crucificado tinha ressuscitado dos mortos, por conseguinte, ele deveria ser o prometido descendente, o Cristo:

"Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje. Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono, prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo..." (Atos 2:29-31)

Tendo demonstrado que as Escrituras prediziam a morte e ressurreição de Cristo, então Pedro enfatizou:

"A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas." (Atos 2:32)

E concluiu:

"Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." (Atos 2:36)

Observe que Pedro de nenhuma maneira estava a mudar o conceito judaico do Messias. O seu objectivo era somente demonstrar que o Messias era Jesus.

Na sua pregação um ou dois dias mais tarde Pedro disse aos seus ouvintes que as bênçãos do Reino preditas no Antigo Testamento chegariam quando Jesus voltasse à terra.

"E que envie ele o por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade."

Não estávamos enganados assim, ao irmos ao Antigo Testamento para entender a missão de Jesus. Segundo o apóstolo Pedro este é o lugar onde a sua grande obra é profetizada. Pode você agora reconhecer o papel vital das Escrituras Hebraicas para o nosso entendimento da obra de Cristo? Pode você apreciar mais a fundo o tema que corre como um fio de ouro por toda a Bíblia e, maravilhado deste descobrimento, reconhecer que isto só pode ser a obra de Deus?

O TEMA DO CRISTIANISMO DO PRIMEIRO SÉCULO

Esta forma de descrever a obra de Cristo foi mantida por todos os discípulos do primeiro século. O estabelecimento do Reino de Deus no retorno de Jesus foi a mensagem que prevaleceu. Ainda que pareça ser repetitivo, gostaria citar vários pregadores bem conhecidos do Novo Testamento a fim de deixar completamente estabelecido este critério mais além de qualquer dúvida. De Filipe lemos:

"Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo." (Atos 8:5)

Uns poucos versículos mais adiante há uma definição do que implicava a sua pregação de Cristo:

"Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres." (Atos 8:12)

Outro dos grandes exponentes do Cristianismo foi o apóstolo Paulo, que de maneira especial dedicou-se a pregar aos gentios.

Escutemos algo dos seus discursos. Em Antioquia, do mesmo modo que Pedro em Jerusalém, introduz a promessa feita a David dizendo:

"Da descendência deste, conforme a promessa, trouxe Deus a Israel o Salvador, que é Jesus." (Atos 13:23)

Vemos que Paulo acreditava que Jesus era o filho prometido de David, com tudo o que isso implicava. Ao falar aos Atenienses perto da Acrópole explica-lhes a intenção de Deus de julgar o mundo através do governo justo de Jesus:

"Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos." (Atos 17:31)

Em Éfeso:

"Durante três meses, Paulo freqüentou a sinagoga, onde falava ousadamente, dissertando e persuadindo com respeito ao reino de Deus." (Atos 19:8)

Disse aos efésios que tinha estado entre eles

"pregando o reino." (Atos 20:25)

Que Paulo pregava Jesus como governante dum Reino literal, é evidente pela reação dos seus adversários em Tessalónica. Acusaram-no de dizer coisas que

"procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei." (Atos 17:7)

Está claro que o vindouro governo de Jesus foi visto como uma ameaça para o Imperador Romano. Podemos estar seguros de que a pregação dum rei místico ou simbólico não teria levantado tal reação.

Ainda que preso pelas suas crenças pode dizer aos seus visitantes:

"Porque é pela esperança de Israel que estou preso com esta cadeia." (Atos 28:20)

Esta esperança é definida uns poucos versículos mais tarde:

"... lhes fez uma exposição em testemunho do reino de Deus, procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas." (Atos 28:23)

Toda a sua atividade enquanto estava na prisão resume-se no último versículo de Atos:

"Pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo." (Atos 28:31)

O RETORNO DE CRISTO, A ESPERANÇA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS

Um estudo dos escritos dos Cristãos do primeiro século demonstra claramente que o retorno de Jesus para estabelecer o Reino de Deus foi a principal esperança dos Crentes. Como exemplo vejamos as epístolas de Paulo aos Tessalonicenses, onde existem alusões repetidas apontando-o como o culminar da expetativas dos crentes (1 Tessalonicenses 1:10; 2:19; 3:13; 4:15-16; 5:2, etc.)

O retorno de Jesus à terra foi considerado vital por aqueles Cristãos não só porque significava bênçãos para toda a terra sob o governo de Cristo, mas porque somente então poderia realizar-se a própria salvação. Qualquer ideia de galardão imediato na hora da morte seria estranho para o Cristianismo do Novo Testamento. Leia cuidadosamente estes exemplos do ensino dos apóstolos:

"Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino... Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda." (2 Timóteo 4:1,8)

"Para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé... redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo." (1 Pedro 1:7,13)

"Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória." (1 Pedro 5:4)

"Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele" (1 João 3:2)

A última mensagem de Cristo para os seus seguidores, contida nos últimos versículos da Bíblia, é:

"E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras." (Apocalipse 22:12)

Por conseguinte, não existe a menor dúvida de que o retorno de Jesus Cristo à terra para estabelecer o Reino de Deus e recompensar os seus verdadeiros seguidores era a esperança dos primeiros Cristãos.

UM RESUMO DA ESPERANÇA DO EVANGELHO

Nos capítulos anteriores usualmente coloquei no final um breve resumo dos pontos principais, pelo que neste momento poderia ser útil apresentar um resumo mais extenso das coisas que examinamos no nosso estudo de ambos os Testamentos da Bíblia.

Você lembrará que no capítulo 1 vimos que o Reino de Deus foi o tema da pregação de Cristo e dos apóstolos, e que as dezenas de referências a esse respeito só podem reconciliar-se umas com as outras se se toma em consideração o reino como verdadeiramente literal. Depois, vimos a notória profecia da estátua metálica que predisse que o Reino dos Homens, um dia seria subitamente substituído por um Reino de Deus em todo o mundo.

Com este esboço geral em mente demos então um tremendo salto em direção ao futuro, e dos profetas do Antigo Testamento e das referências do Novo Testamento obtivemos o belo panorama dum mundo livre do mal, e governado por um sábio, justo e firme governante divino.

Depois retrocedemos quase até ao início da Bíblia para assinalar a forma como Deus planeou implementar este mundo perfeito. Deus selecionou Abraão para ser o pai da Sua nação, e fez-lhe uma promessa solene, garantida pela sua própria existência. Abraão iria ter um descendente no qual um dia toda a terra seria abençoada, e possuiria e governaria a terra, pondo todas as nações sob o seu domínio.

Cerca de mil anos mais tarde Deus disse ao rei David o qual governava então sobre os descendentes de Abraão, a nação de Israel, que ele teria um filho, de facto a mesma pessoa prometida a Abraão, e agora a nova ênfase estava no seu governo. O filho de David iria reinar para sempre no trono de David e estabeleceria o seu reino eternamente.

Combinando estas duas grandes promessas os Judeus esperavam a vinda do que chamavam seu Messias, no qual seriam cumpridas ambas promessas. Nos escritos inspirados dos profetas há muitas alusões à vinda deste Messias e a obra que realizaria para trazer bênçãos à terra.

No Novo Testamento vimos que o primeiro versículo é uma ligação imediata a estas promessas, e no nascimento de Jesus foi dito que ele era a pessoa na qual viriam a ser cumpridas. Durante o seu ministério Jesus demonstrou continuamente que ele era o Messias, mas ensinou que o seu papel como governante do mundo realizar-se-ia somente depois de ir ao céu e regressar.

Depois da sua ressurreição Jesus continuou a pregar um Reino literal, e este tema foi repetido da mesma forma pelos seus apóstolos na sua dedicação em converter homens e mulheres ao Cristianismo. O Reino de Deus na terra foi a chave da mensagem original pregada pelos apóstolos como Pedro e Paulo, cujos escritos estão cheios de referências a esse respeito.

O PRIMEIRO SÉCULO CONTRA O SÉCULO XXI

Depois desta revisão das crenças do primeiro século sobre o Reino de Deus surge obviamente a pergunta: Partilha o Cristianismo do século XXI estas crenças originais? Se não o faz, a que se deve a mudança?

Isto é o que examinaremos no seguinte capítulo.

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