Literatura - Reino de Deus- Teu é o Reino


Capítulo 4 - O Manual do Reino


O MANUAL DO REINO

Nestas páginas citei a Bíblia como se fosse uma fonte confiável de informação, e agora veremos mais a fundo se justifica-se tal confiança nela.

Se existe um sábio e poderoso Deus que criou na terra uma raça de seres inteligentes, é lógico assumir que deve haver algum meio de comunicação entre Ele e eles. Poderíamos ir mais além e dizer que se Deus também tem um propósito na criação do homem, é razoável que deva encontar alguma forma de passar-lhe informação. E se a relação do homem com esse propósito realmente depende de como responde a Deus, então tal comunicação torna-se não só razoável ou desejável, mas sim essencial.

Tal informação poderia ter sido programada no nosso cérebro, tal como são as outras habilidades físicas e mentais: a capacidade de andar, os rudimentos da fala gramatical, e o instinto das aves em construir ninhos, só para citar alguns exemplos. Mas Deus não quer que o homem responda por tais meios. Conhecimentos e respostas automáticas não são o que Ele deseja. Um simples robot não pode dar satisfação espiritual ao seu Criador.

O meio mais comum de comunicação entre as pessoas é a linguagem, seja falada ou escrita, e este é o meio usado por Deus para dirigir-se ao homem e explicar-lhe o Seu plano. A própria Bíblia afirma ser a via de comunicação entre o Criador e o homem, e neste capítulo veremos brevemente algumas das evidências desta afirmação.

ALGUNS FACTOS ACERCA DA BÍBLIA

À uma ou duas gerações atrás, não teria sido necessário explicar à maior parte das pessoas os factos básicos da Bíblia. Mas hoje em dia o descuido deste livro está tão espalhado que à parte de que se saiba que a Bíblia contém duas secções, o Antigo Testamento, que tem algo que ver com os Judeus, e o Novo Testamento que fala da vida de Jesus, generalizou-se a ignorância sobre a Bíblia.

A Bíblia é um dos mais antigos livros do mundo, escrito entre os anos 1.500 a. C. e 100 d. C., aproximadamente. Não é realmente um só livro, mas sim um compêndio de 66 livros de diferentes tamanhos, e unidos num só volume: 39 no Antigo Testamento que foi terminado antes do terceiro século a. C., e o Novo Testamento foi escrito durante os últimos 50 anos do primeiro século d. C. Houve pelo menos 40 escritores diferentes em todo este longo período e mostram uma amplia variação nas suas ocupações e posição social. Reis, estadistas, sacerdotes, um médico, um cobrador de impostos, pastores de gado, um agricultor, pescadores, e um general do exército estão entre todos os que escreveram a Bíblia. Separados às vezes por centenas de quilómetros ou centenas de anos, todos eles contribuíram para a produção do livro mais notável.

A gama de tópicos literários e estilos é extensa. Há registos históricos, documentos legais que formam uma constituição, e cartas pessoais. Encontramos poemas e canções juntamente a um guia prático para a vida diária. Algumas partes são altamente figuradas e alegóricas.

DOIS TESTAMENTOS NUM SÓ LIVRO

Poucas pessoas compreendem a importância do Antigo Testamento e a dependência que dele tem o Novo. O Antigo Testamento era a única parte da Bíblia disponível para Jesus e para os seus primeiros discípulos, e os ensinamentos Cristãos originais estão baseados nele. Quando foi escrito, o Novo Testamento continuou este critério na primitiva prática e fé Cristã. O Novo Testamento contém centenas de citações do Antigo Testamento e alusões frequentes aos acontecimentos que descreve. As estatísticas são muito impressionantes. No Novo Testamento existem 276 citações exatas, algo mais de 100 citações indiretas e pelo menos 119 alusões a incidentes do Antigo Testamento.

INSPIRAÇÃO

A suprema pretensão da Bíblia é que foi inspirada por Deus. A palavra original para inspiração significa literalmente sopro de Deus, e indica o processo pelo qual Deus soprou a Sua mensagem nas mentes dos 40 escritores de modo que eles dissessem ou escrevessem a mensagem de Deus em vez da sua própria. O facto da inspiração foi prontamente reconhecido pelas pessoas inspiradas. Se você abrir uma Bíblia em qualquer dos seus livros proféticos, encontrará numerosas frases que indicam a verdadeira fonte das palavras:

"Ouvi a palavra do SENHOR." (Isaías 1:10)

"O Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua." (2 Samuel 23:2)

"Porque assim o SENHOR me disse." (Isaías 8:11)

"Esta é a palavra que o SENHOR há muito pronunciou." (Isaías 16:13)

"Palavra que do SENHOR veio a Jeremias." (Jeremias 35:1)

"Assim diz o SENHOR." (Jeremias 21:8)

Em muitas ocasiões as pessoas que ouviam estas mensagens divinas claramente aceitaram que os profetas eram um veículo dos pensamentos de Deus e algumas vezes mostraram a sua confiança neste facto ao reverter este fluxo de comunicação e usar o profeta para chegar a Deus as suas próprias petições. Por exemplo, numa ocasião o rei disse a Jeremias:

"Pergunta agora por nós ao SENHOR." (Jeremias 21:2)

No Novo Testamento existem referências claras a esta convicção de que todo o Antigo Testamento foi produzido pelo processo de inspiração. Ao escrever a um jovem Cristão chamado Timóteo, o apóstolo Paulo disse:

"Desde a infância, sabes as sagradas letras... Toda a Escritura é inspirada por Deus..." (2 Timóteo 3:15-16)

A inspiração foi efetuada pela influência do Espírito Santo em determinada pessoa. O apóstolo Pedro dá certa ideia da natureza irresistível deste processo:

"Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo." (2 Pedro 1:20-21)

Do mesmo modo que uma criança é levada nos braços de seus pais não pode resistir ou ditar o lugar para onde vai, assim os profetas estavam sob o controlo de Deus quando escreviam por inspiração divina.

Todas estas citações referem-se ao Antigo Testamento. Os escritores do Novo Testamento foram dirigidos por Deus de forma similar:

"Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor." (1 Tessalonicenses 4:15)

"Mandamento do Senhor o que vos escrevo." (1 Coríntios 14:37)

UM EXEMPLO DE INSPIRAÇÃO EM AÇÃO

Trata-se do caso duma pessoa que tentou resistir ao impulso de proferir a mensagem de Deus, mas no fim teve que fazê-lo. Jeremias estava a ser perseguido porque as palavra de censura de Deus que ele proferia eram impopulares para a sua audiência. Assim, tomou esta resolução:

"Não me lembrarei dele e já não falarei no seu nome"

Mas Jeremias não contava com a força avassaladora da inspiração pela qual estava a ser levado e rapidamente teve que reconhecer a sua derrota:

"Então, isso me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer e não posso mais." (Jeremias 20:9)

Um exemplo perfeito da inspiração em ação! De nenhum modo pôde Jeremias retrair-se do impulso de falar as palavras de Deus.

UMA PRETENSÃO DISTINTIVA

Estas afirmações dos escritores de que estavam a ser inspirados por Deus não pode ser posta de lado de ânimo leve. Ou é um facto que estes homens às vezes tinham uma compulsão interna de falar e escrever coisas que de outra maneira nunca seriam mencionadas, selecionando e registando acontecimentos futuros que de outra maneira nunca teriam sido escritos, ou é uma falsidade. Neste último caso, os escritores da Bíblia perpetraram a fraude mais gigantesca da história. Enganaram as pessoas do seu tempo e as gerações posteriores fazendo-lhes crer em afirmações falsas, e sobre este fundamento de mentiras foi construído o edifício dos Judeus e a religião Cristã. Se temos sido enganados, quanto mais cedo o reconheçamos, muito melhor. Mas se as suas afirmações são verdadeiras, e eles estavam a falar a palavra de Deus, então devemos ser todos ouvidos e ouvir.

Como podemos, você e eu, cerca de 2000 anos depois que o livro foi terminado, tomar a decisão correta? Da mesma maneira que com a existência de Deus, não há prova absoluta de que a Bíblia foi inspirada por Ele, mas sim existem muitas evidências.

O LIVRO QUE O HOMEM NÃO PODERIA ESCREVER

Quando as pessoas falam ou escrevem, devem refletir os seus pontos de vista, conhecimentos e condições da época em que vivem. Por exemplo, Galileu não tinha ideia da radioastronomia, ou Newton das partículas nucleares, assim que não podiam ter escrito acerca destes descobrimentos posteriores. Tal dependência do ambiente cultural seria mais marcante no caso de pessoas com menos estudos. Um agricultor medieval não teria sido o tipo de pessoa que desafiaria a principal corrente de pensamento contemporâneo e propor ideias que podiam trespassar o coração da cultura e sociedade da sua época.

Aqui reside uma das mais poderosas pretensões da Bíblia. Contém muitas caraterísticas que vão mais além do conhecimento e experiência dos seus escritores. Isto só pode ser explicado ao assumir que um poder mais elevado e sábio que o homem está envolvido na sua produção. Isto é especialmente relevante ao considerarmos a baixa condição e conhecimento restrito dos escritores. Quero proporcionar dois exemplos do que digo: O registo bíblico da criação e o seu ensino acerca da morte.

O REGISTO DA CRIAÇÃO

Alguns exemplos de tentativas não inspiradas de descrever a origem do homem na terra:

"Os mitos da criação de Hermópolis, como os de Heliópolis e Mênfis, falam dum montículo primitivo... A este montículo, no tempo do caos, veio o ganso celestial, o Grande Cacarejador que rompeu o silêncio do universo. Pôs um ovo do qual nasceu Rá, deus do sol e criador do mundo." (R. Patrick, "Livro de Mitologia Egípcia")

"Segundo uma lenda antiga, a humanidade foi dividida em quatro raças. Os Egípcios ou homens foram criados das lágrimas que caíram dos olhos de Rá; estas caíram sobre os membros do seu corpo e se converteram em homens e mulheres. Os Líbios vieram à existência por meio de certo ato do deus sol em conexão com o seu olho, e o Aamu e Nehesu descenderam irregularmente de Rá. Outra lenda declara que o homem foi feito do barro de oleiro numa roda por Khnemu, o deus cabeça de carneiro de Filae." (Um guia para as coleções Egípcias do Museu Britânico, página 136)

"O mais conhecido dos mitos da criação é uma adaptação Babilónica tardia da cosmogonia Suméria... Tiamat e Apsu existiam, mas depois que nasceram outros deuses, Apsu tentou desfazer-se deles devido ao seu barulho. Um dos deuses, Ea, o Sumério Enki, matou Apsu; então Tiamat, decidida a vingar-se, foi também morta pelo filho de Ea, Marduk, o deus da Babilónia em cuja honra foi composto o poema. Marduk usou as duas metades de Tiamat para criar o firmamento do céu e a terra. Depois pôs em ordem as estrelas, o sol e a lua, e por fim para livrar os deuses de tarefas indignas, Marduk com a ajuda de Ea, criou a humanidade da argila misturada com o sangue de Kingu, o deus rebelde que tinha liderado as forças de Tiamat." ("Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra." (Génesis 1:27-28)

Este relato foi escrito por Moisés por volta de 1500 a.C., quase ao mesmo tempo que os outros relatos que citei. Mas em vez de ser um relato obviamente absurdo como os seus contemporâneos, é uma sequência lógica e racional dos acontecimentos. Porque é diferente o relato da Bíblia? O professor Henri Devaux diz-nos:

"É uma descrição que os homens de todas as épocas podem entender. Se pormos esta descrição das etapas sucessivas da criação em linguagem científico ver-se-á que correspondem pela sua natureza e etapas progressivas aos conceitos da maioria das teorias científicas... A fonte da informação... só pode vir de revelação." (A Bíblia Confirmada pela Ciência, página 78)

Assim, na primeira página da Bíblia há uma forte evidência de que o livro originou-se em homens que escreveram sob a influência de Deus.

VIDA DEPOIS DA MORTE

Todo o mundo já ouviu falar das pirâmides de Giza no Egito. A maior do grupo, a Grande Pirâmide, é imensa. Tem 140 metros de altura com uma base duns 53.000 metros quadrados, e à parte de uma série de pequenas câmaras e túneis, está formada de sólida alvenaria.

Milhares de escravos trabalharam durante vinte anos colocando em posição blocos de pedra de cantaria que pesam três toneladas cada uma. Esta estrutura maciça foi construída como túmulo para o rei Queops, que morreu faz uns 4.500 anos. A razão para estes 2.500.000 metros cúbicos de alvenaria foi prover dum lugar de descanso seguro para o seu corpo mumificado. As pirâmides evidenciam a crença Egípcia de que na morte um componente imortal do homem, a sua alma, deixa o corpo e vai para os deuses no céu ou para um lugar de recompensa. O corpo foi mumificado, pois cria-se que a existência da alma no outro mundo dependia da preservação do corpo. Daí não somente a mumificação, mas a câmara secreta do túmulo e a entrada secreta serviam para evitar a remoção ou destruição do corpo pelos intrusos.

Este conceito duma alma imortal que continua a existir conscientemente apesar da morte do corpo encontra-se na maioria das culturas do mundo.

De novo existe uma exceção: as pessoas que escreveram a Bíblia! E sem dúvida, este foi o grupo de pessoas que mais necessitava desta crença, humanamente falando. Foi na terra do Egito, à sombra das pirâmides, que a nação de Israel começou a sua vida como um povo diferente dos demais. Uma sucessão de Faraós fizeram deles escravos, tornando as suas vidas miseráveis e sem esperança enquanto transportavam materiais de construção para o engrandecimento dos reis. Trabalhavam desde do amanhecer até o anoitecer nas fábricas de tijolos e pedreiras. O seu único descanso do chicote cruel dos capatazes era quando metiam-se nas suas pobres casas todas as noites para dormir: a sua única libertação quando, esgotados e destroçados, eram abandonados à sua morte. Se alguma nação necessitava de consolo e esperança de vida futura na morte era Israel no cativeiro Egípcio. Se alguma vez necessitaram de reafirmação ou inspiração puderam certamente encontrá-las nas esperanças da gente entre a qual viviam.

No entanto uma das crenças únicas dos Judeus tal como é revelada na Bíblia é que na morte extingue-se toda a consciência. Em vão procuramos alguma referência a uma alma imortal nas páginas da Bíblia. Pelo contrário, encontramos passagens como:

"Ouve, SENHOR, a minha oração, escuta-me quando grito por socorro... desvia de mim o olhar, para que eu tome alento, antes que eu passe e deixe de existir." (Salmo 39:12-13)

"Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma." (Eclesiastes 9:5)

Porque era única esta crença Judaica? Porque tinham um conceito da morte que contrastava tanto com o das nações que os rodeavam, e particularmente com o do país em que tinham as suas raízes nacionais? Porque tinham crenças tão mal adaptadas às suas circunstâncias no momento quando as suas tradições estavam a ser formadas? É porque tinham uma fonte de informação independente e autoritária, que lhes era dada pelos "homens santos de Deus" os quais "falaram movidos pelo Espírito Santo."

UM LIVRO DE HISTÓRIA EXATO

"Como pode ser possível que a Bíblia seja exata? É uma coleção de folclore Judaico e de contos transmitidos de pais para filhos, sem dúvida convenientemente exageradas e embelezadas durante a sua transmissão. Com o tempo, os relatos foram escritos e preservados, mas na sua forma final obviamente têm pouca relação com os acontecimentos originais."

Este é um resumo honesto da opinião de muita gente acerca das porções históricas da Bíblia.

Mas os especialistas pensam de modo diferente!

Uma das minha fotografias favoritas é a de uma reunião de homens sentados no cume duma colina no sul de Israel. No centro encontra-se um homem que lê para os outros de certo livro. O grupo é formado por membros duma expedição arqueológica que dentro em breve irá escavar um sítio antigo que fica perto. O leitor é Nelson Glueck, um professor Norte Americano de arqueologia que passa muitas temporadas a escavar no Médio Oriente. E o livro que estava a ler para orientar a sua equipa? Sim; você adivinhou: não era outro senão a Bíblia! Será que poderia haver um modo mais expressivo de demonstrar a confiança que os historiadores profissionais têm na exatidão deste registo?

"AFINAL DE CONTAS A BÍBLIA TINHA RAZÃO"

Apesar da opinião pública ser contraditória, a maioria das autoridades reconhecem agora que a Bíblia foi escrita por pessoas que tinham um conhecimento íntimo e recente dos acontecimentos que descreveram. Assim o confirma o professor de Assiriologia da Universidade de Londres, D. J. Wiseman:

"Os factos históricos da Bíblia, corretamente entendidos, concordam com os factos recolhidos pela arqueologia, conquanto que estes sejam também entendidos corretamente." (D. J. Semanistatatata, Arqueologia e Escrituras in The Westminster Theological Journal, XXXIII (1971), 151-152)

A isto podemos adicionar o testemunho de Keller, um jornalista que dedicou anos da sua vida a colecionar exemplos de coincidências entre os achados arqueológicos e a Bíblia:

"Muitos acontecimentos que previamente foram considerados como contos piedosos devem agora considerar-se históricos. Amiúde os resultados da investigação coincidem em detalhe com os relatos bíblicos. Não somente confirmam-nos mas iluminam as situações históricas das quais emergiram o Antigo Testamento e os Evangelhos... Os próprios acontecimentos são factos históricos e foram registados com uma exatidão não menos surpreendente." (W. Keller, A Bíblia como História, Edição de 1963, página ix)

O mesmo conclui afirmando a força do argumento duma Bíblia exata:

"Em vista da esmagadora quantidade de evidências autênticas e bem atestadas agora disponíveis... continua a martelar na minha mente esta única frase: "Afinal de contas a Bíblia tinha razão." (Idem, página x)

Em anos recentes saíram muitos livros que proporcionam exemplos de como os achados arqueológicos confirmaram a exatidão das porções históricas da Bíblia. São demasiados numerosos para oferecer uma lista aqui, mas a maioria de boas livrarias ou bibliotecas públicas poderão consegui-los.

QUAL HISTÓRIA?

Gostaria de fazer um comentário final acerca da exatidão da história Bíblica. O facto de que os acontecimentos estão corretamente registados não é por si evidência de inspiração: muitos outros livros históricos também são de confiança. Onde o guia foi necessário foi na eleição do acontecimento a registar e qual deveria ser eliminado, e algumas vezes a ordem em que os acontecimentos são registados. Um estudo cuidadoso da Bíblia revela que os acontecimentos históricos são frequentemente usados como base de instrução para gerações posteriores e ainda podem prefigurar de maneira simbólica grandes acontecimentos associados com o futuro do homem.

Por exemplo, temos o êxodo dos Israelitas da escravidão Egípcia para tornar-se no povo de Deus. A história está registada no segundo livro da Bíblia, mas mais tarde, especialmente no Novo Testamento, quase todos os detalhes deste acontecimento são assinalados como figuras do processo pelo qual a humanidade em conjunto está a ser libertada de uma aflição muito maior e duma escravidão mais severa, para tornar-se no povo de Deus num sentido muito mais amplo. Por esta razão os registos históricos necessitavam de inspiração tanto como qualquer outra parte das Escrituras. Somente se os factos apropriados eram selecionados e registados com absoluta exatidão podiam ser anotadas e consideradas as lições correspondentes pelas gerações posteriores.

HISTÓRIA ESCRITA ANTECIPADAMENTE

Evidência adicional da inspiração da Bíblia encontra-se no cumprimento das suas predições. Existem literalmente dezenas destas, mas o espaço limita-me a dois exemplos somente:

Já vimos um exemplo importante de profecia Bíblica no capítulo 1 do presente estudo. Recordará a enorme estátua de metal que o rei Nabucodonosor viu no seu sonho e que corretamente prediz a sequência de quatro grandes impérios. Tal como foi predito, Babilónia, Pérsia, Grécia e Roma vieram e se foram seguidos por um estado de desunião do mundo e uma mistura de nações fortes e fracas. Nesse capítulo usei a profecia para explicar a natureza e a época da vinda do Reino de Deus, mas agora quero pô-la como uma indicação da origem divina da mensagem. A exatidão da informação dada ao rei por Daniel foi amplamente demonstrada. Os impérios chegaram na ordem predita.

Como pode Daniel ser tão exato? A sucessão dos quatro impérios sem um quinto que os seguisse não podia ser razoavelmente deduzida dos acontecimentos da época, e não podemos imaginar que fosse uma adivinhação à sorte. Mesmo depois de 2.500 anos poderíamos superar a análise da situação que fez Daniel?

"Há um Deus no céu, o qual revela os mistérios." (Daniel 2:28)

A DATA EXATA DA MORTE DE JESUS

Duma profecia que abrange milhares de anos volta-mo-nos para uma cuja medida de tempo foi tão precisa que o controlo divino do seu cumprimento tem que ser a única explicação lógica.

Daniel era um jovem príncipe Judeu que tinha sido levado cativo por Nabucodonosor para a Babilónia com milhares de seus conterrâneos. Uns poucos anos mais tarde Jerusalém foi destruída e Israel deixou de ser uma nação independente. Setenta anos depois do seu cativeiro Daniel orou a Deus solicitando que a sorte da arruinada cidade fosse revertida. Em resposta, Deus disse-lhe que Jerusalém seria reconstruída, e também passou a dar-lhe uma indicação de quando os Judeus poderiam esperar o seu Messias, o ungido - significado do seu nome. A missão do Messias seria a salvação de Jerusalém e do mundo inteiro.

A profecia completa encontra-se em Daniel capítulo 9, versículos 24 a 27 onde lemos que Deus falou a Daniel dum período de 70 semanas até ao final no qual o Messias haveria de vir. As 70 semanas foram divididas em três períodos: 7 semanas iniciais, 62 semanas posteriores, e uma semana final consistindo de duas metades, assim:

7 + 62 + 0,5 + 0,5 = 70 semanas

No final deste período várias coisas aconteceriam. No final da segunda divisão, que é 7 + 62, ou 69 semanas, Deus disse que o Messias apareceria. Um pouco de tempo mais tarde o Messias seria morto. Durante a semana final Deus confirmaria o seu pacto com o seu povo, mas a meio da semana aconteceria algo que faria cessar os sacrifícios no templo.

Como pode ver foi uma predição detalhada e precisa.

Cumpriu-se?

Deus disse que o sinal do começo deste período seria um mandato para restaurar a cidade de Jerusalém, e uma data para o começo deste período é facilmente determinada com um erro máximo de aproximadamente um ano. No tempo em que foi dada esta profecia em resposta à oração de Daniel pela cidade desolada, Pérsia tinha sucedido à Babilónia como principal potência mundial.

Em 455 a.C. o monarca Persa Artaxerxes Longânimo despachou um edito que outorgava ao sacerdote Judeu Esdras um generoso donativo para restaurar a cidade e o templo de Jerusalém, tal como está registado em Esdras capítulo 7. Por conseguinte, esta data marca o início das 70 semanas da profecia. Mas somar 70 semanas reais a esta data só nos leva até um ano e quatro meses depois, assim que as semanas obviamente não devem ser tomadas literalmente.

Na Bíblia, um dia é frequentemente considerado como um ano (Números 14:34; Ezequiel 4:6). Sobre esta base, as 70 semanas ou 490 dias tornam-se em 490 anos e a equação pode ser reescrita assim:

49 + 434 + 3,5 + 3,5 = 490 anos

Os primeiros dois números somam 483, e começando em 455 a. C. chegamos a 28 d. C. o qual é exatamente o ano em que a maioria dos eruditos creem que Jesus apareceu pela primeira vez em público.

A sua obra de pregação, o "fará firme aliança com muitos" durou 3,5 anos, ou a metade da última semana. Depois destes 3,5 anos Jesus foi morto como a profecia predisse. O seu sacrifício pessoal pelo pecado realmente tornou supérfluas todas as oferendas do templo tal como a profecia também o tinha indicado, já que os sacrifícios animais tornaram-se desnecessários depois da morte de Jesus.

Uma vez mais devem-se enfrentar os factos da situação. A data do aparecimento de Jesus e a duração do seu ministério foram preditas com exatidão cerca de 500 anos antes. Como pode Daniel ter escrito uma profecia tão exata sem O guia que nas palavras das Escrituras "desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam."?

Se o espaço permitisse, poderíamos examinar de forma detalhada muitos mais exemplos de profecias Bíblicas que se cumpriram. Outros exemplos de predições que foram e estão a ser cumpridas referem-se a outra destruição de Jerusalém (desta vez pelos Romanos), a dispersão dos Judeus por todos os países e a sua restauração na sua própria terra. Mas referiremos a isto num contexto diferente no capítulo 11.

O QUE PENSAVA JESUS ACERCA DA BÍBLIA?

Para os que afirmam ser Cristãos, Jesus deve ser a autoridade final em matéria de fé. O que disse Jesus acerca do Antigo Testamento e como respondeu à afirmação dos seus escritores de serem inspirados por Deus?

A resposta é completamente clara. Ele considerou o Antigo Testamento como base dos seus ensinamentos e outorgou a sua total aprovação.

Quando discutia, amiúde com os seus oponentes "Nunca lestes...?" (marcos 2:25), e então baseava o seu ensino numa passagem das Escrituras Hebraicas. Em ocasiões específicas foi mais enfático sobre os escritos de Moisés (os primeiros cinco livros) e sobre os livros dos profetas:

"Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?" (João 5:46-47)

"Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos." (Lucas 16:31)

Com respeito ao Novo Testamento, Jesus disse aos seus discípulos que estariam sujeitos ao mesmo processo de inspiração como o foram os escritores do Antigo Testamento:

"O Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." (João 14:26)

Este dom do Espírito Santo deu-lhes a autoridade de Jesus, e de Deus mesmo:

"Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar rejeita aquele que me enviou." (Lucas 10:16)

Logo, não há dúvidas acerca do ensinamento de Jesus referente ao Antigo Testamento.

A posição que os Cristãos devem manter com a Bíblia é, por conseguinte, de cristalina claridade. Todo o Antigo Testamento deve ser considerado como inspirado por Deus, e visto como sendo informação essencial para todos os seguidores de Jesus. Qualquer sistema de crenças que relega o Antigo Testamento para uma posição inferior ou que descarta-o de todo, não pode afirmar com honestidade que Jesus tenha sido o seu fundador. Da mesma maneira, o Novo Testamento deve também ser aceite como trabalho do Espírito Santo.

CONSISTÊNCIA NA VARIEDADE

Umas das evidências mais forte da inspiração da Bíblia é o facto de que ainda que foi escrita durante um longo período de tempo e por tantos autores, a totalidade da sua mensagem é coerente. Esta coerência mantém-se apesar das grandes variantes na cultura e situação dos povos à medida que passam os séculos. Ainda mais importante, contém um tema que gradualmente expande-se e desenvolve-se à medida que a revelação progride.

UM LIVRO IMAGINÁRIO

Para que você aprecie o que quero dizer, imagine um livro escrito em Inglaterra durante um período de tempo semelhante ao que tardou a Bíblia em ser escrita.

O início deste livro imaginário seria a meados do século 5 d. C. cerca do início da Idade Média quando o legado da cultura e da erudição Romanas ia-se perdendo à medida que os exércitos de ocupação eram chamados a Roma, deixando a ilha às contenciosas tribos Britânicas. Um homem começou a escrever um livro com o objetivo de dar a conhecer ideias acerca de tópicos como religião, moral e esperança para o futuro.

O homem tinha sido educado na forma Romana de vida, mas abandonou-a para tornar-se no chefe duma das tribos locais. E contribuiu com os primeiros cinco capítulos do livro. No seu leito de morte comissionou ao chefe do seu exército que continuasse o livro, ao escrever o seguinte capítulo.

Depois dum intervalo dum século ou dois, quando Grã Bretanha estava a ser convertida do paganismo à nova fé Cristã, o líder religioso mais proeminente agrega dois capítulos mais.

Pode imaginar a confusão em que estaria o livro nesta época? Os últimos escritores não saberiam como os primeiros pensavam desenvolver o tema do livro, e seguramente não conheceriam a conclusão que tinham em mente. Ainda assim o trabalho seguiu em frente. No século 9 o rei da região agrega bastante material ao livro. A isto segue-se uma contribuição do filho do rei. Em contraste, um campesino supostamente iliterado agrega outra secção. Depois, por volta do tempo da conquista Normanda no século 11, três capítulos são escritos em simultâneo por homens que não tinham nenhum contato entre si. Um é um sacerdote Inglês, mas os outros escritores residem em países distantes: um membro da família real que foi capturado em batalha, e outro sacerdote no exílio.

Penso que você estará de acordo que a estas alturas haveria provavelmente tanta diversidade entre os capítulos que qualquer mensagem coerente teria desaparecido, e o significado seria tão confuso que tornaria-se incompreensível.

Mesmo assim imagine que o trabalho de escrever continuou. Depois duns poucos capítulos mais serem produzidos houve um intervalo de cerca de 450 anos durante os quais não se adicionou nada ao livro. Este intervalo entre os séculos 14 e 19 viu chegar uma transformação sem precedentes à Europa. Houve um ressurgimento da cultura que levou à revolução industrial e estabeleceu os fundamentos da ciência e tecnologias modernas. Levou-se a cabo a Reforma, e as ideias sobre religião sofreram alterações drásticas. As artes floresceram com particular ênfase na revitalização das civilizações antigas como as da Grécia e Roma. Os meios de transporte mais cómodos ampliaram a experiência humana e introduziram os conceitos e tradições de povo longínquos.

E depois no começo do século 20, num mundo que seria irreconhecível para os homens do século 14 devido ao seu vasto conhecimento superior, imensas proezas e uma perspetiva diferente, o trabalho seguiu de novo no livro que tinha sido começado fazia 1500 atrás. Existe uma tremenda atividade agora, comparada com a constante produção de séculos anteriores, mas de novo existe uma amplia gama de autores. Dois pescadores com poucos estudos, um graduado brilhante duma das melhores universidades.

Finalmente o livro foi terminado. Deixo à sua imaginação o resultado. Haveria um livro com mais pontos de vista contraditórios, as mais variadas interpretações do que é o mundo na sua totalidade, os mais diversos conceitos de como chegaram a ser as coisas existentes, e uma mais imensa discrepância sobre as possibilidades do futuro? Você poderia imaginar tal livro a tornar-se num dos mais vendidos, ou que homens morressem em sua defesa?

ESCREVER A BÍBLIA

A razão de descrever tal livro imaginário é que a Bíblia foi escrita justamente dessa maneira. Cada um dos autores fictícios tem um equivalente entre os escritores da Bíblia. O período de 1500 anos que durou a sua escrita é também similar, e até as alterações sociais, religiosas e políticas durante os séculos encontram paralelo no contexto variável dos tempos bíblicos.

O homem que escreveu os primeiros cinco livros foi MOISÉS
O capitão do exército JOSUÉ
O líder religioso SAMUEL

O rei DAVID

O filho do rei SALOMÃO

O campesino inculto AMÓS

Os três que não tiveram contato entre si:
O primeiro sacerdote JEREMIAS em Jerusalém
O sacerdote exilado EZEQUIEL na Caldeia
O príncipe capturado DANIEL na Babilónia

O intervalo entre os séculos 14 e 19 é quase o mesmo que entre os escritos do Antigo e Novo Testamentos. Assim como na Europa no Renascimento, assim no mundo Mediterrâneo depois do século 4 a. C houve uma revolução de ideias e cultura. Isto proveio especialmente dos filósofos Gregos cujas ideias alteraram permanentemente o pensamento do mundo então conhecido. Assim que, foi depois dum intervalo similar e em circunstâncias grandemente alteradas que a redação da Bíblia foi reiniciada pelos escritores equivalentes aos do livro imaginário:

Os dois pescadores PEDRO e JOÃO, da Galileia rural
O médico LUCAS o "médico amado"
Um cobrador de impostos MATEUS

Um graduado PAULO, provavelmente o intelectual mais prometedor do seu tempo

Mas, que diferença com a Bíblia! Em vez de ser caótica no seu plano, ininteligível no seu conteúdo; em vez de mostrar uma alteração gradual nos seus conceitos para moldar-se às ideias em mudança do seu tempo; em vez de refletir os contextos diferentes, as diferenças educacionais, culturais e sociais dos seus escritores, as Escrituras mostram completa unanimidade de pensamento, ensino e propósito. Apesar da diversidade de escritores e o longo período em que foram produzidas, têm um tema coerente, sugerido nas suas primeiras páginas, desenvolvido gradualmente passo a passo, e chegando ao seu clímax num magnífico final.

Porque é a Bíblia tão diferente do que se esperaria em tais circunstâncias? A única resposta razoável é que durante esses quinze séculos houve Um que esteve a controlar as mentes e guiando as penas dos 40 escritores para que o livro terminado tivesse sentido.

Qual é o seu veredito?

Está você de acordo?

Se não, como explica o fenómeno?

TEMOS A BÍBLIA ORIGINAL?

Para alguns surge a genuína ansiedade sobre a idade da Bíblia e o facto de ter sido escrita em línguas diferentes das nossas. Nenhum dos manuscritos originais escritos pelos seus autores sobreviveram. Os que são usados como base para a nossa Bíblia atual são cópias de cópias. Como podemos estar certos de que não se introduziram alguns erros? Sir Frederick Kenyon, Diretor do Museu Britânico onde tantos manuscritos da Bíblia foram guardados, foi um especialista no tema. No seu livro A História da Bíblia investiga a história da versão Inglesa da Bíblia desde dos manuscritos mais antigos até aos dos nossos dias. Faz notar todo o esforço realizado até encontrar os velhos rolos e papiros, o cuidado com que foram preservados e copiados, e a habilidade que foi levada a cabo na tradução para o idioma Inglês. Depois conclui o seu livro com algumas palavras que podem fazer descansar as nossas mentes:

"É muito reconfortante encontrar no final o resultado geral de todos estes descobrimentos e todo este estudo confirma a evidência da autenticidade das Escrituras, e a nossa convicção de que temos em nossas mãos, em substancial integridade a verídica Palavra de Deus." (F. Kenyon, A História da Bíblia, página 113)

RESUMO

Este capítulo não avançou o nosso estudo do Reino de Deus, mas foi essencial como fundamento para tudo o que ainda temos de estudar. Espero que agora possamos examinar os ensinamentos da Bíblia com o conhecimento de que a evidência da sua autenticidade é irrefutável.

Começámos por observar a afirmação da Bíblia de que se originou de Deus através do processo de inspiração. Depois estudámos as várias formas em que a Bíblia dá indicações da sua origem super-humana. Vimos que contém um registo surpreendente lógico e até moderno da criação, e que o seu conceito do estado da morte é único e inesperado para a sua época.

Depois demos uma olhadela à sua exatidão histórica e mostrámos como os achados da arqueologia fortemente indicam que os registos Bíblicos são relatos confiáveis do que sucedeu, e não somente tradições que foram alteradas durante longos períodos de transmissão oral.

A profecia cumprida foi outra evidência, e examinámos uma que predisse um longo trecho de história, e outra que foi detalhada e precisa. Em ambos os casos tudo sucedeu como foi predito.

Para aqueles que aceitam a posição do Cristianismo fizemos notar os ensinamentos de Cristo a respeito da Bíblia. Concluímos com a analogia dum livro imaginário escrito em 15 séculos por muitos autores diferentes para enfatizar a singularidade da produção Bíblica e a natureza consistente dos seus ensinamentos.

Agora, poderá você estar de acordo com Henry Rogers quando disse sobre a Bíblia:

"Não é o tipo de livro que um homem quisesse escrever, se pudesse, ou que poderia ter escrito se quisesse"

Com uma confiança derivada desta forte evidência, agora começamos a nossa investigação do grande tema da Bíblia.

Veremos que este tema não é outro senão o estabelecimento do Reino de Deus na terra.

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