Literatura - Reino de Deus- Teu é o Reino


Capítulo 13 - O Reino Perfeito


O REINO PERFEITO

Neste capítulo completaremos o estudo do plano de Deus para a terra e para o homem. Nas páginas anteriores traçamos o desenvolvimento gradual do Seu propósito desde os longínquos dias da criação do homem e Jardim do Éden. Vimos como o pecado entrou no mundo e as trágicas consequências da transgressão humana. Mas também vimos aparecer o primeiro raio de luz quando foi prometido a Eva que teria um filho o qual finalmente destruiria o pecado e a morte.

Demos uma olhadela nas promessas de Deus que proclamaram a Abraão que um dos seus descendentes traria bênçãos a todos os povos do mundo. Depois consideramos a promessa feita a David no sentido de que um dos seus filhos seria rei como ele, mas sobre um reino muito mais glorioso que o de David. Posteriormente notamos que o tema da vinda deste governante foi amplamente desenvolvido pelos profetas do Antigo Testamento, e que quando Jesus nasceu foi saudado como o longamente esperado Messias. O futuro Reino de Deus foi o centro da pregação de Cristo, que tornando possíveis o perdão e a vida eterna para os seus seguidores através do sacrifício da sua vida, foi para o céu para esperar o tempo do seu regresso para estabelecer o Reino.

Depois de estudar os sinais estabelecidos por Deus para o retorno de Jesus, notamos que estes indicam que a terra agora parece estar no ponto para o seu regresso. De seguida examinámos as passagens que explicam qual será a grande obra de Jesus ao ressuscitar os seus seguidores que estão mortos, juntar os vivos e recompensar os fiéis com a vida eterna. Vimos que com a ajuda destes limpará a terra do malvado legado do governo humano. Finalmente retornámos a algumas daquelas visões agradáveis do mundo vindouro nas quais os profetas descrevem a bênção do futuro Reino de Cristo, o que estudámos detalhadamente no capítulo 2.

Agora chegamos ao grande clímax, quando os anos de preparação dão lugar aos séculos eternos de cumprimento.

No final dos seus mil anos de governo Jesus reinará sobre um mundo transformado. O Reino dos Homens, que aquando do seu regresso estava à beira da auto-destruição, terá dado lugar ao governo perfeito do Reino de Deus.

Os males da guerra, fome, doença, opressão e injustiça, que foram a herança do pecado, serão somente uma lembrança longínqua na mente das pessoas privilegiadas e felizes, as quais sob a sábia direção de Cristo e dos seus assistentes imortais, terão tornado a Deus em serviço amoroso e obediente. A profecia pronunciada no momento do nascimento de Jesus finalmente será uma realidade, pois, devido ao facto de ter dado "glória a Deus nas maiores alturas" terá "paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem."

Mas por muito agradável e feliz que seja este tempo, esta fase do Reino de Deus não é o culminar do plano de Deus para a terra. O pecado, ainda que muito menos proeminente, todavia existirá. A morte, ainda que que seja um acontecimento relativamente raro, todavia existirá. Assim, ainda durante o milénio a terra todavia não terá alcançado uma condição que possibilite a morada do Criador santo e puro entre os homens em perfeito companheirismo. O cumprimento deste propósito original tem que esperar por um acontecimento posterior: a completa remoção do pecado e da morte da face do nosso planeta.

No livro de Apocalipse aprendemos que durante o milénio o poder do pecado estará restringido. Como vimos no capítulo 9 do presente estudo, a Bíblia usa uma serpente como o símbolo do pecado, porque no Éden a serpente foi determinante na introdução do pecado no mundo. Mantendo esta simbologia, Apocalipse afirma que a "serpente" será presa com uma corrente durante os mil anos do governo de Cristo, simbolizando assim o facto de que neste período o poder do pecado será reduzido ainda que não completamente destruído (Apocalipse 20:2).

Mas no final do milénio esta restrição sobre o pecado será removida, e um espírito de rebelião surgirá no mundo. Esta será a prova final de lealdade para os habitantes mortais do Reino de Deus. Permanecerão fiéis a Deus que os bendisse com a sua inesgotável generosidade durante os anteriores mil anos, ou darão ouvidos aos argumentos aparentemente razoáveis daqueles que esquecendo os horrores do antigo Reino dos Homens, pensam que podem criar um mundo melhor pelos seus próprios esforços.

Parece que o poder do pecado que foi liberto fará que os rebeldes tenham muitos seguidores, pois Apocalipse descreve como depois da sua libertação, a serpente:

"Sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra... a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida" (Apocalipse 20:8-9).

Inevitavelmente esta insurreição estará condenada a falhar. As palavras simples das Escrituras descrevem a total aniquilação dos rebeldes:

"Desceu, porém, fogo do céu e os consumiu." (Apocalipse 20:9).

Este mesmo capítulo continua a descrever a remoção total do pecado e da morte. No final do milénio aqueles que viveram durante esse período serão julgados num tribunal similar ao que mil anos antes tinha determinado o destino eterno dos que tinham vivido sob o governo humano. Depois da ressurreição de alguns que tenham morrido, os fiéis receberão a vida eterna e serão reunidos aos que foram tornados imortais no início do milénio. Entre tanto os infiéis serão castigados com a morte. Deste modo, no final destes eventos não ficarão pessoas mortais na terra. O pecado e as suas consequências terão sido eliminados, e todos se deleitarão na perfeição da natureza divina, vivenciando a plenitude do poder e amor do seu Criador (Apocalipse 20:10-15).

Com a completa remoção do pecado, o magnífico esquema para a redenção do homem será finalmente concluído, e não haverá nada que detenha o perfeito e ininterrupto companheirismo entre Deus e o homem. Assim, o Reino de Deus entrará na sua etapa final e permanente. Noutra passagem chave da sua primeira carta aos Coríntios, Paulo resume o processo pelo qual esta união perfeita se alcançará. Ao recorrer amplamente o ensino Bíblico, descreve a entrada do pecado no mundo, trazendo a morte a todos queles que estão "em Adão." Assinala o meio de redenção em Cristo ao explicar que primeiro Jesus obteve a vida eterna, e depois os seus seguidores serão abençoados do mesmo modo no seu regresso. Refere-se ao reinado de Jesus no Reino de Deus, durante o qual subjugará todos os outros poderes e por último até a própria morte. Depois, Paulo explica que o único poder que não se sujeitará a Jesus é o próprio Deus. Finalmente, Jesus apresentará o aperfeiçoado Reino a Deus, para que habite nele por toda a eternidade. Até o Filho se sujeitará ao governo universal do Pai. A passagem recompensará um estudo sério e cuidadoso, já que resume a totalidade do propósito de Deus em relação ao seu Reino:

"Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos" (1 Coríntios 15:22-28).

As delícias do tempo quando Deus será "tudo em todos" estão mais além do alcance da nossa presente compreensão; nem podemos imaginar as habilidades, sentimentos ou oportunidades que se abrirão para todos os que estejam unidos eternamente com o grandioso Criador do universo. De acordo com o nosso entendimento limitado, as Escrituras descrevem esse tempo como a ausência das presentes enfermidades, em vez de tentar descrever um estado para o qual não temos experiência à qual podamos referir-nos, nem tampouco palavras adequadas para descrevê-lo:

"Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram" (Apocalipse 21:3-4).

Para mim a referência mais impressionante sobre o estado perfeito das coisas depois do milénio é a última visão do livro de Apocalipse. Aqui no último capítulo da Bíblia é nos apresentado um belo e sublime contraste com os primeiros capítulos de Génesis. Centenas de anos separaram a escritura destas passagens, e milhares de anos separaram os acontecimentos que descrevem; mas escondidas nos símbolos das últimas palavras das Escrituras estão as circunstâncias e acontecimentos do Jardim do Éden uma convincente indicação do controle que o Autor da Bíblia exerceu sobre os escritores que foram somente os Seus porta-vozes.

No Jardim original o homem e a mulher vivenciaram companheirismo com o seu Criador. Havia um rio que fluía pelo meio e que trazia água que dava vida, como também havia uma árvore da vida no centro deste paraíso original. A tarefa prazenteira do casal recém criado era a de cuidar desta frutífera parcela no seu serviço a Deus, e exercer domínio sobre a criação divina. Mas tudo isto foi posto fora de alcance do homem por causa da sua transgressão. Ele e a sua mulher foram lançados fora do Jardim, a árvore com o seu fruto que dava vida deixou de estar acessível, foram desterrados da presença de Deus e a comunhão com ele foi desfeita. Saíram para uma terra que tinha sido amaldiçoada por causa do seu pecado. E assim começou a longa história humana de problemas, dor e morte.

Em contraste o último quadro descrito na Bíblia é de um Jardim simbólico no qual todas estas delícias perdidas serão restauradas para os fiéis da humanidade. Será regado por um rio da vida, havendo também uma árvore da vida com frutos e folhas curativas. A maldição será removida da terra, Deus morará no Jardim e os seus redimidos verão o seu rosto. Estes também serão convidados a servi-lo e a exercer domínio sobre a terra, desta vez para sempre.

Abaixo segue a passagem em todo o seu deleitoso simbolismo, na qual as palavras em itálico enfatizam a unidade de ideias entre Génesis e Apocalipse, o princípio e o fim da revelação de Deus para homem. Tudo o que foi perdido com a expulsão do homem do Éden é restabelecido em muito maior medida no Reino perfeito de Deus:

"Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos. Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 22:1-5).

Com este quadro simbólico termina o fio de ouro da revelação de Deus para o homem. Depois de passar por dentro e por fora as páginas de toda a Bíblia, conduziu-nos por fim à visão do tempo futuro de perfeita intimidade, pura alegria e inexpressável unidade que existirá eternamente entre o Criador Todo-Poderoso, seu Filho, e os que se terão reconciliado com Deus através do Seu Filho. Então a operação de Jesus pelos crentes receberá o seu glorioso e completo cumprimento:

"... a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós... Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade" (João 17:21-23).

Foi o anelo por este estado de absoluta perfeição que o nosso amado Salvador colocou as seguintes palavras nos lábios de cada um dos seus verdadeiros seguidores:

"Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; VENHA O TEU REINO; FAÇA-SE A TUA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU;" (Mateus 6:9-10)

Espero que o nosso estudo Bíblico presente nestas páginas tenha aberto os seus olhos para o verdadeiro ensino da Bíblia sobre o Reino de Deus. Espero que lhe tenha dado o desejo de estudar a Palavra de Deus como alguns dos antigos que examinavam "as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim." E também espero que tenha despertado no seu coração o desejo de responder ao amor de Deus revelado no Seu Filho, através do qual o Reino tornou-se possível.

Porque, quando tiver produzido este efeito, você poderá pronunciar as palavras finais do Pai Nosso não somente com entendimento, mas também com a alegre esperança da vida eterna:

"POIS TEU É O REINO, O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE. AMÉM!"

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