Literatura - Artigos Boas Novas - Fé na adversidade

FÉ NA ADVERSIDADE


O Novo Testamento foi escrito logo após que Jesus viveu na terra e foi concluído por volta do final do século primeiro. Os livros do Novo Testamento falam-nos sobre a vida e ensinamentos de Jesus e como que se espalhou esse ensino.

Os 66 livros do Antigo e Novo Testamentos em conjunto são “a Palavra de Deus”. Jesus deixou claro que para compreender o significado do seu ensino e da sua vida e morte, era necessário compreender “as Escrituras” (Lucas 24:25-27). Quando ele disse isso, “Escrituras” eram o Antigo Testamento. É importante, então, entendermos que o Novo Testamento é construído sobre a fundação do Antigo.

Um Homem de Fé

O Novo Testamento chama a nossa atenção para muitas pessoas do tempo do Antigo Testamento que mostraram fé preciosa perante adversidade. Tome José, filho de Jacó. Ele foi favorecido pelo seu pai porque ele era um filho temente a Deus. Os seus irmãos tinham ciúmes dele e o atacaram e quase o mataram. Em vez disso, ele foi vendido a alguns comerciantes que o levaram para o Egito. Lá ele se tornou escravo, servindo um oficial Egípcio. Ele provou ser fiel e consciencioso.  Mas um dia a mulher do oficial  acusou falsamente de tentar molestá-la. O resultado? Ele foi colocado na prisão. Apesar do facto de que tudo parecia estar dando errado de novo, José nunca perdeu a sua fé. Ele confiava que Deus estava desenvolvendo seu caráter através da provação, que Deus tinha algum propósito maior.

Isso ficou claro quando, mais tarde ele assistiu o Faraó no governo e armazenou cereal durante os anos de abundância para utilização durante os anos de fome. A própria família de José em Canaã foram forçados a ir ao Egito para comprar comida. Lá, numa série dramática de encontros, José revelou a seus irmãos que ele era aquele que ele tinham desprezado e vendido à escravidão muitos anos antes. Será que ele procurou a vingança? Não! Ele viu qual tinha sido o propósito de Deus:

“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós” (Génesis 45:5).

José queria que os seus irmãos enfrentassem o seu errado; mas ele queria avançar e trazê-los a um relação positiva com Deus. Ele mostra-nos claramente que a confiança em Deus nos ajuda a lidar com o que a vida nos apresenta. José acreditava firmemente nas promessas que Deus fizera ao seu bisavô, Abraão, ao seu avô Isaque, e ao seu pai Jacó. Essas promessas era uma garantia de que as pessoas que fazem parte do povo de Deus têm futuro. Por mais que falhem, por muito que entrem em dificuldades, a crença nesse futuro vai conduzi-los através disso tudo. Em seu leito de morte, ele pediu a seus filhos e netos para se apegarem às promessas.

Observe que José foi julgado e testado pelas circunstâncias da vida em Canaã e, em seguida, no Egito. Ele foi traído pelos seus irmãos, vendido para escravidão; injustamente acusado pela esposa do seu senhor; injustamente preso, e então esquecido até que a nação precisou dele. Não há qualquer registo de envolvimento satânico  ou demoníaco na sua vida. Ele estava sujeito aos perigos usuais e desafios da vida e ele sobreviveu a estes com um notável estado de espírito, com compreensão e maturidade. Deus usou as circunstâncias duras da sua vida para desenvolver o seu caráter e prepará-lo para tudo o que estava por vir. Porque ele tinha aprendido a controlar os seus próprios sentimentos ele acabou por ser o homem perfeito para controlar e regular o Egito através dos difíceis anos de abundância e fome que estava por vir.

A Adversidade Personificada

Muitos anos mais tarde, quando David era rei sobre a antiga nação de Israel, ele também enfrentou muitas adversidades na sua vida. Ele era um homem que amava a Deus e orava por ajuda em qualquer situação. Isto é o que fazem os homens de fé. A sua compreensão da palavra de Deus é reforçada pela oração. A oração não funciona num vácuo; consiste escutar Deus, o que fazemos quando lemos a Bíblia, a Sua Palavra. Depois, quando expressamos que precisamos d'Ele , fazemo-lo com a consciência de que Ele sabe melhor, que a adversidade e provação têm um propósito, levando-nos mais perto d'Ele e aprofundando a nossa experiência de vida. Um conhecido Salmo de David expressa isso muito bem:

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre” (Salmo 23:4-6).

O salmo está escrito em linguagem poética. Sabemos que não existe na realidade um “Vale da sombra da morte”. O bordão e cajado são figuras de estilo(linguagem), lembretes dos instrumentos de um pastor. A associação entre pastor e Deus ajuda-nos a compreender que Deus é como um pastor que cuida das Suas ovelhas.

Oposição Retratada

O Antigo Testamento foi escrito na língua Hebraica e a linguagem pictórica é frequentemente usada para tornar as coisas mais vivas e memoráveis. A palavra Hebraica “Satanás” significa adversário - aquele que se opõe ou resiste, ou um acusador. Ela ocorre apenas por volta 30 vezes  nos 37 livros do Antigo Testamento, mas refere-se a toda uma gama de diferentes coisas que se opõem ao propósito de Deus. Numa ocasião “Satanás” é a palavra usada para descrever um anjo enviado por Deus para resistir a um profeta quer queria falar contra o povo de Deus:

“Então, Balaão levantou-se pela manhã, albardou a sua jumenta e partiu com os príncipes de Moabe. Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário(satanás). Ora, Balaão ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos, com ele.” (Números 22:21,22).

Satãs Humanos

Noutras partes a mesma palavra é usada sobre vários adversários humanos. Aqui estão alguns exemplos:

“Não te ausentes de mim, ó Deus; Deus meu, apressa-te em socorrer-me. Sejam envergonhados e consumidos os que são adversários de minha alma; cubram-se de opróbrio e de vexame os que procuram o mal contra mim” (Salmo 71:12,13);

“Porém os príncipes dos filisteus muito se indignaram contra ele; e lhe disseram: Faze voltar este homem, para que torne ao lugar que lhe designaste e não desça connosco à batalha, para que não se faça nosso adversário no combate; pois de que outro modo se reconciliaria como o seu senhor? Não seria, porventura, com as cabeças destes homens?” (1 Samuel 29:4);

“Porém David disse: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia, para que, hoje, me sejais adversários? Morreria alguém, hoje, em Israel? Pois não sei eu que, hoje, novamente sou rei sobre Israel?”(2 Samuel 19:22);

“Levantou o SENHOR contra Salomão um adversário, Hadade, o edomita; este era da linhagem real de Edom” (1 Reis 11:14).

Testados pela Vida

É importante perceber que em nenhum lugar na Bíblia, existe a ideia de que um anjo caído chamado Satanás que está trabalhando contra as pessoas para afastá-las de Deus. Isto será uma surpresa para muitas pessoas que acreditam neste ponto de vista popular. Mas quando lemos o Antigo Testamento vemos que os adversários (ou “satãs”, tal como está em Hebraico) aparecem de todas as formas e tamanhos. Eles podem ser soldados, camaradas de armas, inimigos - mesmo até anjos, que estão fazendo a vontade de Deus, como aquele que parou Balaão no seu caminho. Mas o adversário nunca é um anjo caído, porque os anjos não podem cair: eles são os servos totalmente fiéis de Deus no céu.

E lembre-se que existem apenas cerca de 30 ocorrências dessa palavra Hebraico no Antigo Testamento. Se houvesse realmente um “anjo caído”, como algumas pessoas acreditam, não seria referido com muito mais frequência? Podemos unicamente pedir-lhe que olhe para as provas com uma mente aberta.

O ponto importante é este, como nós vimos quando olhamos para a vida de pessoas fieis como José ou David. Quando reconhecemos que a palavra “satanás” é a palavra Hebraica do Antigo Testamento que significa “adversário”, chegamos à conclusão que nas adversidades da vida não estamos sendo testados por algum monstro sobrenatural que tenta destruir as nossas vidas, arrastando-nos para destruição e desviando-nos de Deus.

A adversidade nos vem de pessoas, às vezes até mesmo do próprio Deus, para testar e desenvolver o nosso caráter. Deus quer que as pessoas mudem, que estejam dispostas a colocar a sua confiança n'Ele, venha o que vier na vida. Se fizermos isso, podemos ter certeza de que Ele ricamente no recompensará, se não nesta vida, então na que há de vir.

Michael Owen

(Article: Faith in the Face of Adversity, Glad Tidings 1513, pag. 11-13)

<- Voltar ao Índice de artigos.

Índice