Literatura - Diabo e Satanás

O Diabo, Vosso Adversário (1 Pedro 5:8)


A palavra pecado não está na moda, e mesmo quando é usada, emprega-se mais frequentemente em gesto sem sentido do que com seriedade. A realidade do pecado é, no entanto, inescapável. Todas as misérias do mundo tiveram origem nele, e cada pessoa sabe que ele é o culpado quer seja em maior ou menor grau. A tentação nunca está muito longe e o impulso de deixar-nos dominar por ela é geralmente quase irresistivel. Quem ou o quê é responsável por esta incitação?

A resposta normal a esta questão é dizer que um ser sobrenatural conhecido como "o diabo" é o ofensor. Esta sugestão é geralmente feita sem pensar no significado da palavra diabo, tornando assim a resposta não mais que num ditado popular. Sem dúvida um acontecimento tão importante como a origem do pecado humano não pode ser posto de lado sem mais nem menos, e nestas páginas propomos explorar o tema com o intuito de chegar a uma compreensão correcta e total do mesmo.

Em primeiro lugar a definição do dicionário diz-nos que a palavra "diabo" vem do Latim tardio diabolus e esta do grego diabolos

A verdade sobre o pecado

Sem dúvida, é na Bíblia que devemos procurar para que nos ajude a compreender a verdade sobre o pecado. Este é o Livro do Criador, Que fez o mundo e a raça humana e quem criou as condições para a existência humana. Devemos, consequentemente esperar encontrar nele informação acerca da natureza do pecado e da tentação. O nosso interesse nesta fonte de informação é imediatamente aumentado quando vemos que a palavra diabo é usada frequentemente nas Escrituras. Este facto ajudar-nos-á a descobrir o seu significado.

Mais de uma palavra nas línguas em que a Bíblia foi originalmente escrita são traduzidas como "diabo". Uma delas é a palavra grega diabolos da qual, como já dissemos, deriva a palavra, e será conveniente analisá-la em primeiro lugar. Só a podemos encontrar no Novo Testamento, onde aparece 35 vezes. Em 32 destas ocasiões é traduzida "diabo" e nas restantes 3 é traduzida "caluniadoras", "maldizentes", "caluniadores". É importante averiguar que são estes caluniadores/as e maldizentes. Em um dos casos as mulheres idosas da igreja são exortadas a não ser "caluniadoras"(Tito 2:3). Noutro caso as esposas dos diáconos são exortadas a não ser "maldizentes"(1 Timóteo 3:11), enquanto que no terceiro caso é profetizado que nos últimos dias os homens seriam "caluniadores"(2 Timóteo 3:3).

Estas traduções de diabolos, em casos em que a concepção do diabo como um ser que incita a pecar, seria claramente inapropriada, sugere que é recomendável estudar com cuidado as passagens nas quais diabolos é traduzido diabo. Quando estas são examinadas vemos que em nenhum caso a substituição do termo "caluniador" por diabo prejudicaria o sentido e, em muitos casos, o esclareceria. Não é possível comentar todos os casos, mas examinaremos os mais conhecidos. Outros, como versículos sobre a tentação de Jesus os quais precisam de uma explicação mais detalhada serão examinados no final.

"Um de vós é diabo"

Depois de Jesus ter alimentado milagrosamente uma multidão através da multiplicação de alguns pães e peixes, usou o milagre como tema para uma lição, mostrando-se como o pão da vida, dizendo que aqueles que comessem o pão que podia dar viveriam para sempre. Esta foi uma verdade muito difícil de aceitar para a maioria dos que o ouviam e muitos, incluindo alguns dos quais tinham sido seus discípulos, o deixaram. Tristemente dirigiu-se aos seus apóstolos e disse: "Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?" A isto respondeu de imediato o apóstolo Pedro, "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus."

Até esta expressão de fé resplandecente não confortou inteiramente Jesus, já que disse: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo."(João 6:66-71). A Bíblia explica-nos que Jesus se referia a Judas Iscariotes, quem mais tarde o entregou aos seus inimigos. Judas era de verdade um diabolos, um caluniador, um mentiroso, um falso acusador, já que traiu o seu Mestre com um beijo. O uso da palavra diabo não está correcto, já que Judas era um homem e não um ser perverso e sobrenatural, e a correcta tradução de diabolos torna isto bem claro.

Quando veio o momento de Judas por em acção o seu plano para conduzir os inimigos de Jesus ao Senhor, está escrito que o diabo pôs no seu coração que entregasse o seu mestre(João 13:2). Nesta passagem a palavra diabo é outra vez "diabolos" no original em grego. Aqui é-nos indicado o pensamento da perversa mente do traidor que era tão falso que chega ao ponto de trair o seu Senhor por trinta moedas de prata.

Como Jesus já tinha dito, Judas era o diabo, o falso acusador de Jesus. O causador da traição foi uma pessoa natural e não sobrenatural. A avareza do homem foi causa suficiente para a sua horripilante acção. Anteriormente, como tesoureiro da companhia de Jesus, tinha-se apropriado dos fundos e agora, talvez induzido pela sua desilusão de que Jesus não tinha usado os seus poderes milagrosos para expulsar os Romanos para fora do seu país natal, a sua cobiça tinha-o impulsionado para o pecado que brevemente o destruiria.

"Filho do Diabo"

Outro caso em que a palavra "diabolos" é traduzida diabo é relatado na visita a Pafos na ilha de Chipre pelos apóstolos Paulo e Barnabé. Aqui o procônsul Sérgio Paulo estava interessado nos seu ensinamentos, e concedeu-lhes uma audiência. Havia na cidade, no entanto, um associado do procônsul, um mágico chamado Elimas ou Barjesus. Aparentemente pensou que a doutrina dos apóstolos iria destruir a sua influência sobre o seu amo, e então tentou alterar as palavras deles, falsamente desfigurando-as, "procurando afastar da fé o procônsul." Quando o apóstolo Paulo soube disto procurou Elimas, e fixando os seus olhos nele, disse "Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor?"(Actos 13:10). O efeito disto no ofensor foi tão grande que ficou cego por algum tempo, e teve que ser guiado pela mão. Elimas, com certeza, não era literalmente filho de um ser sobrenatural. Ele era culpado de calunia ao tentar perverter o Evangelho e, assim como costumam chamar alguém que anda na droga, "filho do vício", assim o mágico era filho da calunia.

Similarmente, quando os judeus procuravam Jesus para matá-lo, tendo feito falsas acusações contra ele, respondeu: "Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos." (João 8:44). Aqui, novamente, os judeus não eram filhos de um ser sobrenatural. Eles eram, sem dúvida, os filhos de uma maneira de pensar que era caluniadora ou que acusava falsamente.

O livro de Apocalipse contem as últimas sete cartas as quais Jesus enviou ao mundo através do apóstolo João. Uma delas foi dirigida à igreja cristã em Esmirna, uma cidade próxima da costa oeste da Ásia Menor. Jesus avisou-lhes que a sua fé lhes traria muitas tribulações, e escreveu: "Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós" (Apocalipse 2:10). Os cristãos foram lançados na prisão em Esmirna e em muitas partes do Império Romano, mas nenhum ser sobrenatural os pôs na prisão. As suas tribulações vieram das autoridades romanas, que falsamente os acusaram de conduta contra o Estado.

Sátiros e demónios

A palavra "diabo" não aparece no Antigo Testamento, mas sim demónios, mas esta palavra é traduzida de duas palavras no original. A primeira, sairim, que significa "peludo", ou "bode" ou "cabra". Estes eram sátiros ou demónios da madeira, os quais supostamente viviam no deserto. Eram adorados por idólatras egípcios. A primeira passagem contem um aviso para os israelitas quando andavam errantes pelo deserto, que não deveriam adorar demónios ou sátiros como era costume dos egípcios (Levítico 17:7-8). A segunda passagem em que a palavra sairim não foi traduzida para demónios e ficou como sátiros diz-nos como , quando o rei Roboão estabeleceu o Reino de Israel, introduziu um novo sistema religioso no qual incluía a adoração de ídolos na forma de sátiros e de dois bezerros que ele tinha feito(2 Crónicas 11:15). Aqui mais uma vez é uma reincidência das superstições egípcias.

A outra palavra traduzida "demónios" é shedim, a qual significa devastador ou destruidor. É usada para os falsos deuses ou ídolos, a adoração dos quais corrompia ou destruía a mente das pessoas.

A primeira passagem(Deuteronómio 32:17) diz-nos como os israelitas no deserto sacrificaram a estes ídolos e não a Deus, enquanto que na segunda passagem relata-nos que foram ao extremo de sacrificar seus filhos a esses ídolos(Salmos 106:37).

Está claro que os nossos estudos até agora não nos deram razão para acreditar que as duas palavras hebraicas traduzidas demónios no Antigo Testamento ou a palavra "diabolos" no Novo Testamente se refere a um ser sobrenatural. Sem dúvida devemos analisar mais passagens.

DEMÓNIOS E ESPÍRITOS MAUS

A palavra diabolos, o diabo, a qual significa "falso acusador" aparece, como já tinhamos mencionado 35 vezes no Novo Testamento. Existem outras palavras no Novo Testamento que são traduzidas demónio/s, as palavra são daimon e as suas derivadas como daimonion e daimonzomai. Todas elas são derivadas de daio que significa "distribuir". Antes de analisarmos como são usadas estas palavras na Bíblia, o melhor é começar por averiguar qual é o significado destas palavras para os gregos, em cuja língua foi originalmente escrito o Novo Testamento.

Crenças Gregas

Existe literatura abundante para confirmar as crenças gregas acerca deste assunto. A palavra daimonia era entendida pelos gregos como sendo os "espíritos" humanos de pessoas falecidas, que tinham ascendido ao nível de deuses. Daimonia não eram os deuses primordiais ou celestiais. De facto, estes últimos não interferiam nos assuntos dos humanos, mas confiavam a administração e direcção aos anteriores. Nestas circunstâncias não é surpreendente que os demonia fossem objecto de respeito temeroso no pensamento dos homens, com esperança religiosa, medo, dependência, e adoração, tudo misturado. Eram os que distribuiam os benefícios ou malefícios, dos grandes deuses para a humanidade, e daí vem o seu nome, de daio - distribuir. Os gregos também acreditavam que os espíritos dos falecidos podiam possuir os seres humanos e também ídolos inanimados, e que por certos encantamentos e feitiços podiam ser expulsos dessas pessoas que eles tinham possuido.

Os latinos tinham as mesmas crenças que os gregos, e até os judeus, sempre dispostos a adoptar as falsas opiniões religiosas das nações vizinhas, havia muitos que acreditavam em daimonia. Estas crenças entre aqueles que viveram no tempo de Jesus hão de servir para dar uma introdução ao uso destas palavras nas Escrituras. Devemos ter em conta que o termo daimon era usado para se referir a um espírito de um morto, enquanto que a palavra daimonion significava a pessoa ou ídolo que estava possuído por um daimon. A palavra daimonzomai era o ajectivo e significava "possuído por um demónio."

Belzebu ou Baal-Zebube

Em muitas ocasiões Jesus curou aqueles que estavam "oprimidos do diabo". Por conseguinte, quando os líderes religiosos tentavam descreditá-lo ante os olhos das pessoas, diziam: "Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios(daimonia)" ao que Jesus respondeu, "E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes"(Lucas 11:15-19).

Belzebu ou Baal-Zebube, era um ídolo, o deus das moscas dos filisteus, ou possivelmente "Senhor do Templo". Um rei de Israel, Acazias, mandou mensageiros ao seu templo para saber se recuperaria de uma doença, indicando que, mesmo nestes tempos longínquos, os Judeus já tinham aceite a demonologia das nações vizinhas. A preferência de Acazias por Belzebu ou Ball-Zebub em vez de preferir a Deus, o Criador, levou-o à sua morte (2 Reis 1:16-18).

É digno de menção que, ainda que Belzebu fosse somente um ídolo, isento de poder, Jesus não afirmou este facto mas usou as ideias dos que o criticavam. Ele assim não aceitou a existência de um deus vivo chamado belzebu, nem tão-pouco aceitou a ideia de que os demónios podiam, de facto, tomar posse de seres humanos.

Loucura

Qual é o significado das Escrituras quando falam de possessão demoníaca ou expulsar demónios? Em um dos seus mais notáveis discursos, Jesus descreve-se a si mesmo como o bom pastor, e disse que daria a sua vida pelas ovelhas, adicionando a declaração assombrosa de que não só tinha poder para dar sua vida como para recebê-la outra vez. Esta declaração dividiu os judeus.

Muitos diziam: "Ele tem demônio e enlouqueceu; por que o ouvis? Outros diziam: Este modo de falar não é de endemoninhado; pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?"(João 10:14-21).

Quando Jesus lidou com a acusação de que ele expulsava demónios em nome de Belzebu, amontuou-se um tal número de pessoas que nem podiam comer. Quando os seus parentes ouviram isso , vieram prendê-lo porque diziam: "Está fora de si." (Marcos 3:20-21). Na linguagem daqueles tempos, podiam ter dito, "está endemoniado."

Estas duas passagens mostram o que as pessoas dos dias de Jesus chamavam "estar possesso por um demónio", devemos chamar isso de loucura. Isto confirma-se por uma cura que Jesus efectuou.

Quando ele foi à terra dos gadarenos, veio ao seu encontro um homem "possesso de demônios". Os sintomas eram que não se vestia nem habitava em casa alguma, mas vivia nos supulcros. Tinham-no prendido com cadeias e grilhões mas sem resultado, porque no seu furor despedaçava as cadeias e ia para o deserto. Jesus "ordenou ao espírito imundo que saísse do homem". Quando os habitantes da cidade ouviram o que tinha acontecido, foram vê-lo com os seus próprios olhos, encontraramo louco sentado aos pés de Jesus "vestido, em perfeito juízo"(Lucas 8:26-35). Vemos claramente que anteriormente consideravam que ele não estava de bom juízo.

Epilepsia

Um caso no qual é dada um descrição quase médica de uma doença curada por Jesus é cidato pelo escritor do Evangelho de Marcos. Um homem veio ao Senhor e disse: "Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam." Jesus pediu que lhe trouxessem o menino.

"Quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-se espumando." Jesus perguntou ao pai "Há quanto tempo isto lhe sucede?" e ele disse: "Desde a infância...e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê. E imediatamente o pai do menino exclamou com lágrimas: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!"

A multidão aglumerou-se para ver o que lhe aconteceria, e Jesus disse: "Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele." Então o espírito "clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou." (Marcos 9:17-27)

O menino era sem dúvida um epiléptico, e não pode have melhor descrição dos sintomas de epilepsia em nenhuma outra literatura. No relato do mesmo incidente no Evangelho de Mateus, o doente é descrito como lunático assim como que ao mesmo tempo manifesta os sintomas de epilepsia.(Mateus 17:14-18)

Mudez

Depois de Jesus ter ressuscitado a filha de Jairo, e curado dois homens cegos, foi-lhe trazido um mudo (Mateus 9:33). O homem, diziam, estava possuido por um demónio ou daimon. Jesus expulsou o demónio e o mudo pode falar. Aqui uma doença, a qual hoje não associariamos com possessão demoníaca, era tida como tal nos tempos do Novo Testamento.

Cegueira

Noutra ocasião, um homem cego e mudo, foi levado a Jesus (Mateus 12:22). As pessoas pensavam que este homem estaba possesso por um demónio. Quando o Salvado o curou, ele falou e viu.

Cura

A expressão usada para a acção de Jesus mecionada no último exemplo, "sarou" vem do latim sanare, da qual deriva a nossa palavra sarar, a qual indica recuperar a saúde ou restituição da mesma e não desapossar um demónio. É uma palavra usada regularmente para descrever a acção de Jesus nestes casos, cumprindo a profecia do Antigo Testamento, "Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças" (Mateus 8:17; Isaías 53:4). Quando João Baptista, definhava na prisão, começou a perder a fé na missão de Cristo e enviou-lhe mensageiros, pedindo-lhe que lhe desse alento, Jesus respondeu ao curar muitos de suas doenças, flagelos, e de espíritos malignos; e a muitos que eram cegos lhes deu a vista. Então enviou uma mensagem para João: "Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho." Aqui não se faz qualquer referência a "expulsar demónios" e este facto indica que esses "possuidos" eram afligidos por doenças do corpo e mente (Lucas 7:19-23).

O apóstolo Paulo deu o seu veredicto sobre a inutilidade e falta de realidade dos daimonia quando escreveu a primeira carta aos coríntios. Certos Cristãosde Corinto iam a festivais de deuses pagãos, os quais eram aos olhos dos seus adoradores, daimonia ou "espíritos dos mortos". Para terem desculpa para as suas acções estes cristãos diziam: "Um ídolo ou daimonia, não é nada em absoluto, como todos sabemos, e a nossa consciência não se ofende quando vamos a tais festivais". Ao qual o apóstolo respondeu: "Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios" (1 Coríntios 10:18-22). Aqui o apóstolo está de acordo que os daimonia não são nada, e que existem somente na imaginação dos devotos.

Está claro, portanto, que os demónios não têm existência real e que quando Jesus falou sobre expulsar demónios, estava simplesmente usando os termos os quais aqueles que o ouviam, eram expressões do dia a dia, assim como nós hoje em dia falamos de um louco como estivesse possuido, sem crer por um momento que seja que os espíritos dos mortos entraram nele.

Como já vimos no caso das palavras, diabolos, sairim(peludos) e shedim (destruidores) a palavra daimon e seus derivados não têm nada que ver com seres sobrenaturais.

SATANÁS

É comummente suposto que o termo Satanás é uma variante de "diabo" e que as duas palavras descrevem exactamente o mesmo ser. Seguindo a nossa investigação, podemos comprovar estas opiniões tendo em consideração a palavra original usada na Bíblia e também pelo estudo das passagens quem é usada.

Primeiramente, vemos que a palavra "Satanás" aparece no Antigo e Novo Testamento, 14 vezes no primeiro e 33 no último. É uma palavra hebraica, satan, e não foi traduzida. Significa "inimigo" ou "adversário" e em si mesma não faz referência a um tentador sobrenatural.

A palavra não é sempre deixada por traduzir nas Escrituras como Satanás. Em dez ocasiões é traduzida, "adversário" ou "inimigo". Ao estudarmos algumas destas ocurrências nos ajudará muito a entender o significado da palavra.

O Rei David como Satan

Quando o rei David fugiu para salvar a sua vida dos ciúmes do rei Saúl, encontrou refugio entre os filisteus, cujo herói, Golias, tinha sido morto por ele. Alguns dos filisteus naturalmente desconfiavam dele e quando houve guerra, queixaram-se ao príncipe Aquis, "Faze voltar este homem, para que torne ao lugar que lhe designaste e não desça conosco à batalha, para que não se faça nosso adversário no combate" (1 Samuel 29:4). Aqui a palavra traduzida adversário é "Satan." Desta maneira o homem descrito como "homem segundo o coração de Deus" (1 Samuel 13:14; Actos 13:22) é descrito como um possível satanás.

Um anjo fiél como Satanás?

Um caso interessante da palavra Satan no original aparece em conexão com a passagem dos israelitas pelo deserto dirigindo-se para a terra de Canaã. Todas as nações perto de Canaã tinham medo do avanço dos israelitas, e o rei de um destas nações, Balaque de Moabe, procurou alguém para os amaldiçoar. Para este propósito alugou os serviços dum mago, Balaão.

Este homem foi proíbido por Deus ao princípio de ir ter com Balaque, mas depois foi-lhe dito que se os mensageiros voltassem a ele, que ele podia ir com eles. Ele não esperou para ser chamado, e ansioso por receber a recompensa prometida por Balaque, levantou-se cedo no dia seguinte, albardou a sua jumenta, e partiu. No entanto, um anjo do Senhor, invisível a Balaão, pôs-se no caminho por adversário (satan), com a espada desembainhada na mão. A jumenta podia ver o anjo, e desviou-se do caminho, metendo-se pelo campo. Balaão açoitou a jumenta para fazê-la voltar ao caminho, o qual agora passava entre duas vinhas com muros em ambos lados. Uma vez mais o anjo o anjo interpôs-se no caminho e uma vez mais a jumenta tentou evitar o anjo, e ao chegar-se junto ao muro, entalou o pé de Balão contra o mesmo. O seu dono voltou a açoitá-la. Impossibilitada de passar porcausa do anjo, a jumenta deitou-se no caminho, sendo então duramente espancada. Então foi dado fala ao animal e "refreou a insensatez do profeta".

Por último Balaão viu o anjo, e depois de ter sido repeendido por ele, por tratar mal a jumenta, e por sus acção precipitada e irreflectida, foi-lhe permitido continuar a viajem até aos moabitas. Mas, quando ele chegou ao país em vez de amaldiçoar os israelitas, ante a surpresa de todos os moabitas, abençoou-os (Números 22:20-33).

Neste caso um anjo do Senhor, executando fielmente as ordens de Deus, é chamado de satan ou adversário.

O apóstolo Pedro como Satanás

Quando Jesus estava a viver na Palestina, fazendo curas maravilhosas, havia especulações referentes à sua identidade, e um dia ele perguntou aos seus discípulos o que as pessoas diziam dele. Eles lhe disseram que alguns diziam que ele era João Baptista, outros que era o profeta Elias ou o profeta Jeremias, ou algum dos profetas. Jesus então lhes perguntou: "Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?" Imediatamente Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!" Jesus disse a Pedro que nenhum homem lhe tinha revelado este facto, mas que tinha sido uma revelação directa de Deus. Jesus acrescentou que a igreja de Deus seria fundada na declaração do apóstolo e que Pedro receberia as chaves do reino dos céus. Para além disso a sua decisão de ligar ou desligar alguma coisa na terra seria respeitada no céu.

Jesus sabia que apesar de ser o Filho do Deus vivo, teria a curto prazo enfrentar o suplício da cruz; e começou a preparar os seus discípulos para a separação. Ele mesmo lhes disse que devia ir a Jerusalém e que seria maltratado pelos principais sacerdotes e que no final matariam-no. Também disse-lhes que ao terceiro dia ressuscitaria dentre os mortos. Estas declaralções eram algo que os seus discípulos não podiam acreditar. Como podia um homem que curou tanta gente, e até ressuscitou mortos, deixar que o matassem?

Como já era normal, o apóstolo Pedro, pôs em palavras os seus pensamentos: "Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá." Imediatamente Jesus voltando-se, disse a Pedro: "Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens" (Mateus 16:13-23).

Aqui nota-se uma surpreendente alteração para o apóstolo. Primeiramente foi-lhe dito que as chaves do reino dos céus lhe seriam confiadas; e agora é-lhe dito que é Satanás. Se entendemos o termo Satanás como referente a um tentador sobrenatural, a passagem é incompreensível. Mas se damos-lhe o sentido original de "adversário", então torna-se claro. Pedro foi na verdade um adversário para Jesus naquela ocasião, já que se Jesus lhe tivesse dado ouvidos, tentaria evitar a cruz, e todo o propósito da sua existência teria-se frustrado, já que sem a entrega da sua vida não haveria salvação para os homens.

Um espinho na carne

Para além de ter sido usado para indivíduos, o termo Satan é também usado para estado de espírito e corpo. Vemos um notável exemplo no apóstolo Paulo. Ele tinha sido grandemente criticado pelos membros da igreja cristã de Corinto, e em sua defesa contra esses ataques, ele falou-lhes de uma maravilhosa visão que Deus tinha-lhe revelado na qual "ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir". No entanto não lhe foi permitido que se ensoberbecesse da sua experiência e diz que, para que não me vangloriasse "foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear" (2 Coríntios 12:2-7).

A palavra "de" não aparece no original, e a expressão "mensageiro de Satanás" significa "um mensageiro, um adversário". O espinho na carne do apóstolo Paulo era uma enfermidade ou doença, a qual não sabemos exactamente qual era, mas noutra passagem o apóstolo fala da sua fraqueza. A palavra aqui é astheneia e para os gregos significava algum tipo de paralesia. Talvez tivesse influência na sua fala, já que em relação à sua enfermidade ou doença, os seus criticos em Corinto disseram, "a presença pessoal dele é fraca, e a palavra, desprezível" (1 Coríntios 2:3; 2 Coríntios 10:10). Seja qual fosse o espinho na carne era claramente um obstáculo e um adversário para ele, obstruindo e tornando o seu trabalho de pregação do Evangelho mas difícil. Desta maneira neste caso o termo Satan é usado em relação à falta de saúde corporal do apóstolo.

Ananias e Safira

Quando a fé cristã estabeleceu-se na Palestina, os seus membros no princípio partilhavam as suas possessões, e tinham tudo em comum. No entando, dois membros da comunidade, Ananias e Safira, quiseram aproveitar-se de ambos os mundos; e tendo vendido as suas possessões, trouxeram só parte da venda, fingindo que estavam dando tudo. Primeira mente o apóstolo Pedro falou com Ananias dizendo: "Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus." Imediatamente Ananias caiu morto.

Mais tarde a sua mulher Safira, não sabendo o que tinha acontecido, entrou na habitação e disse a história que tinha combinado com o marido; ao qual o apóstolo disse: "Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido". Imediatamente Safira também caiu morta (Actos 5:1-11).

Aqui vemos a falsidade e avareza das mentes destes dois, as quais os levaram à morte. Tinham-se convertido em adversários de verdade, porque queriam ser considerados generosos, e no entanto guardar as suas riquezas.

Entregue a Satanás

Outro exemplo interessante no uso da palavra satan ocorre no julgamento de Paulo contra um membro da igreja de Corinto, culpavel de fornicação. Ele escreveu "O autor de tal infâmia seja,em nome do Senhor Jesus, ...entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus." (1 Coríntios 5:1-5).

Se satan é realmente um tentadoe imortal, não parece ter havido motivo entregar-lhe um pecador para disciplina de modo a que volte a si.

Satanás pisado

Escrevendo para confortar os crentes Romanos, os quais dentro em breve iriam ser alvo de forte persiguição pelos adversários seus compatriotas, Paulo diz: "E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás." (Romanos 16:20). Como pode um ser imortal ser esmagado por pés humanos? Sem dúvida, ao ver a destruição do paganismo no Império Romano, por forças afirmando ser cristãs, a qual aconteceu não muito tempo depois, entendemos facilmente o sentido das palavras do apóstolo.

A VERDADE SOBRE O PECADO

A nossa investigação Bíblica revelou que os termos diabo e Satanás não se referem a um tendador imortal. Mas, existem passagens nas quais estas palavras se referem a certas personagens em particular, analizaremos essas passagens em breve.

No entanto, antes de começar, seria aconselhavel tomar atenção ao ensino claro das Escrituras acerca do pecado; porque peca o homem e acerca do meio pelo qual será completamente eliminado e destruido.

Cada homem o seu próprio diabo

A Bíblia dá-nos uma definição simples do pecado. Diz assim: "o pecado é a transgressão da lei" (1 João 3:4). A lei a que se refere é, naturalmente, a lei de Deus. A este respeito, todos somos culpáveis, já que "Não há justo, nem um sequer" (Romanos 3:10). O que nos faz pecar? Aqui mais uma vez são as Escrituras que nos dão a resposta. O apóstolo Tiago escreve: "Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte." (Tiago 1:13-15).

Nós sabemos por experiência quão preciso é a descrição do caminho até ao pecado nestes versículos. A não ser que nos desfaçamos imediatamente do impulso de fazer mal, encontramo-nos rapidamente em transgressão. A nossa própria natureza provê a incitação e, neste sentido, cada homem é o seu próprio diabo (caluniando Deus) e adversário(satan) de si próprio. Esta natureza é herdada de são e Eva, os quais foram os primeiros pecadores. As Escrituras descrevem esta posição da seguinte maneira:

"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos." (Romanos 5:12, 18, 19)

Como Adão, ainda que não da mesma maneira, "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 2:23). Neste sentido, o diabo, o qual calunia a retidão de Deus e lhe nega obediência, é a tendência de pecar em cada ser humano.

A veracidade deste facto é indicada pelo apóstolo Paulo na sua carta aos crstãos em Éfeso. Em um dos versículos ao descrever a sua conduta antes de crer em Cristo diz-lhes que eles eram movidos pelo "espírito que agora atua nos filhos da desobediência". No versículo seguinte diz-lhes que antes de serem crentes eles eram controlados pelas "inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos"(Efésios 2:2-3).

"O poder da morte"

Quando o pecado entrou no mundo, a morte veio com ele, já que o salário do pecado é a morte, e o pecado e a morte reinam agora (Romanos 6:23; 5:21). Eis aqui uma comparação de duas passagens do Novo Testamento que nos mostrarão a relação entre o diabo e o pecado. Na passagem já mencionada, o apóstolo Tiago disse que o "pecado... gera a morte". Na carta aos Hebreus lemos que o diabo tem o poder da morte (Hebreus 2:14). O pecado humano e o diabo estão assim igualados.

"A Vida Eterna"

O pecado, segundo a justiça divina deve ser castigado com morte. Todos somos pecadores, assim todos estamos condenados a morrer. No entanto, não foi o plano de Deus que gerações nascessem e morressem desta maneira estéril através dos séculos. A criação teria sido um fracasso se isto tivesse sido assim. Deus fez o mundo para glória Sua, e decretou que ao menos alguns membros da raça humana habitariam na terra eternamente num tempo de felicidade. Ao falar do monte Sião em Jerusalém, David o salmista disse: "Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre" (Salmos 133:3). Como foi retirada a dificuldade? A explicação da Bíblia deste feito está fortemente ligada ao tema do diabo.

Jesus, Salvador

O que tornou possível que os pecadores humanos se arrependessem e vivessem eternamente foi Jesus de Nazaré. Ele foi ambos, Filho de Deus e filho do homem. Ele foi Filho de Deus porque nasceu pela intervenção do Espírito Santo de Deus, na virgem Maria: e filho do homem porque Maria foi sua mãe e isto significa que ele foi um membro da raça humana e pôde experimentar as mesmas sensações que todo homem sente.

As Escrituras mostram isto claramente. Ao escrever sobre a relação existente entre Deus e os crentes através de Jesus, a epístola aos Hebreus diz, "Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança" (Hebreus 4:15). Na mesma epístola diz que, "nos dias da sua carne" Jesus ofereceu a Deus "orações e súplicas", "com forte clamor e lágrimas" (Hebreus 5:7). A cruz que ele teve que sofrer foi um horrível suplício, já que rogava, "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!" (Mateus 26:39). Não foi possível; e Jesus teve que suportar a horrenda tortura e humilhação da crucificação.

"Vivo para sempre"

O que se obteve com esta terrível experiência e porque foi necessário? A epístola aos Hebreus voltanos a dar a resposta às nossas perguntas. Lemos o seguinte:

"Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida." (Hebreus 2:14-15).

Se acreditarmos que o diabo é um tentador imortal, este versículo torna-se incompreensível, já que, Como pode ser destruída uma criatura que nunca morrer? Para além disso, como foi possível que Jesus destruísse tal criatura ao morrer? Sem dúvida, quando nos apercebemos que o diabo representa a natureza humana, não é difícil compreender esta passagem.

Ainda que Jesusfoi tentado como qualquer outro homem, houve uma diferença vital. Ele nunca sucumbiu perante a tentação. Através da sua vida ele guardou os mandamentos de Deus, e a cruz, quando veio, foi o culminar de uma vida perfeita. "o qual não cometeu pecado" e foi "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores" (1 Pedro 2:22; Hebreus 7:26).

Pela primeira e única vez o pecado fora vencido com êxito. Jesus destruiu o pecado em si mesmo, ou o diabo, e como consequência disto, o poder da morte sobre ele foi também destruido. Ainda que tenha morrido, foi ressuscitado dentre os mortos, e foi-lhe dada vida eterna; e pôde dizer, "eu sou... aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 1:18).

O pecado derrotado

A morte e ressurreição de Jesus sem dúvida, teve um significado muito mais além do significado que teve para ele, por muito profundo que tenha sido, já que o que fez para si podia fazê-lo também por outros. Porque tinha vencido o diabo, ou a tendência humana para pecar, o caminho tinha sido aberto pelo qual os pecados dos homens podiam ser completamente perdoados por sua causa. Consequentemente, homens pecadores, a pesar de seus pecados, podiam ter a esperança agora de vida eterna. Deus está disposto a aceitar o sacrificio sem mancha do nosso Senhor como um meio de perdão para aqueles que recebem o seu NOME sobre si. Jesus foi chamado de Jesus(Salvador) porque veio para salvar o mundo das consequências dos seus pecados. Na epístola aos hebreus, "para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado" (Hebreus 9:26), uma exposição a qual é paralela com a mencionada "por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo". "Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo." (1 João 3:8)

O Evangelho

No entanto, a obra de Jesus ainda não está terminada. Os homens continuam sendo pecadores, "filhos da desobediência" (Efésios 2:2) ou, como diz outra epístola "filhos do diabo" (1 João 3:10). A salvação nesta infeliz situação não é automática. Depende de tomarmos vantagem da obra de Jesus. O Evangelho que ele proclamou diz-nos que através dele, podemos "ficar firmes contra as ciladas do diabo" (Efésios 6:11). Também declaranos que ele virá outra vez para estabelecer na terra o reino de Deus, o qual substituirá todos os reinos humanos, com suas oposições diabólicas e satânicas contra Deus, estes termos fazem referência à atitude caloniosa e antagonistica que tomaram para com a vontade do Criador. Como resultado "o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 11:15).

Ao crer no Evangelho; arrependimento verdadeiro e aceitação da salvação de Jesus, o crente deve ser baptizado por imerssão total em água para remissão de pecados passados. Da água sai para uma nova vida, baseada na do Senhor. Então é requerido que se despoja "do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano" (Efésios 4:22) ou, por outras palavras, lutar contra o pecado para o qual inclina a nossa natureza humana. Isto, como já vimos, significa combater o diabo da Bíblia. Nos seus intentos não sairá completamente vitorioso, já que é humano e com todas as tendências humanas; mas se resiste os impulsos diabólicos eles se afastarão dele. Mesmo que socumba ao pecado de vez em quando através da fraqueza da carne, pode pedir perdão a Deus através de Jesus, o qual tendo experimentado a natureza humana, conhece as sua fraquezas. Nas palavras da oração do Senhor, o salvador o "salvará da tentação".

A destruição do diabo

O ponto alto será quando Jesus voltar à terra, já que no julgamento aqueles que forem aceites serão libertos para sempre do pecado para sempre e ser-lhes-á dada a vida eterna num corpo glorioso, semelhante ao de Jesus (Filipenses 3:20-21). Para eles também o diabo terá sido destruído pelo Senhor. Entrarão com Jesus no seu reino; e assim o reino se extenderá por toda a terra, todo o domínio humano será abolido. Finalmente, o diabo, e satanás e toda a oposição a Deus, seja individual ou nacional, a qual eles representam, será completamente e absolutamente destruída.

"SATANÁSES" HUMANOS E ANIMAIS

Nos capítulos anteriores deste folheto, fizemos referência a algumas passagens das Escrituras, as quais parecem personificar o Diabo. De seguida iremos analizá-las. Serão descritas pela ordem que aparecem na Bíblia.

A serpente no jardim do Éden

A palavra "diabo" não aparece na descrição da tentação de Adão e Eva, mas muitas pessoas acreditam que o diabo falou através da serpente, a qual tentou os nossos primeiros pais, e fez com que caíssem ao incitá-los a comer do fruto proíbido. Mas o texto de Génesis, capítulo três, não dá qualquer indicação de um tentador imortal. Nem tão pouco o facto da serpente ter falado ajuda esta teoria. Quando analizámos o significado da palavra satanás, referimo-nos previamente à jumenta, a qual foi-lhe dada temporáriamente a fala para repreender Balaão pela sua pressa em ir com os mensageiros do rei de Moabe para amaldiçoar Israel. Se uma jumenta pode ser dotada de fala, não existe qualquer razão para que o mesmo não tivesse sido dado a uma serpente.Claramente esta passagem não dá a ideia da existência dum monstro super-humano de maldade. Esta ideia tem que ser preconcebida antes de ser encontrada.

O Satanás de Jó

O livro de Jó é a história de um homem bom. o qual manteve a sua integridade e bondade contra as adversidades e tentações que lhe subrevieram. É-nos dito na história que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor. Entendemos que eles são verdadeiros adoradores de Deus. Entre eles havia um ser descrito como Satanás. Deus perguntou-lhe de onde vinha e ele respondeu que vinha de andar pelo mundo. A conversação depois voltou-se para considerar Jó. Satanás expressou a opinião de que Jó servia a Deus só porque tinha saúde, riquezas, e era próspero em geral; e que se experimentasse sofrimenteos a sua ideia mudaria. Foi permitido a Satanás por Job à prova. Em sucessão, o pobre homem foi roubado dos seus animais domésticos, seus servos e filhos. Apesar disto ele não se queixou. Então Satanás sugeriu que, se fosse tirada a saúde de Jó, el voltar-se-ia e amaldiçoaria o seu Criador. Esta sugestão também foi aceite,e Jó ficou cheio de sarna maligna por todo o corpo, pelo que se sentava em cinza e tentava encontrar alívio rapando-se com um caco. Ainda assim não amaldiçoou Deus.

Estes factos são narrados nos dois primeiros capítulos do livro, no qual a palavra satanás aparece catorze vezes. O resto do livro foi dedicado às discuções sobre o problema do sofrimento de Jó entre este e os seus três amigos Elifaz, Bildade e Zofar, com a intervenção final de Eliú, e a demonstração final do poder do Todo-Poderoso.

A palavra satanás no livro de Jó é a que, como já vimos traduzida geralmente como "adversário". Uma vez mais, não existe nada nestas circunstâncias que nos sugira que o satanás fosse um tendador imortal. Aparentemente ele não era diferente da aparência daqueles que foram com ele ante Deus. Ele não tinha poder de si próprio para trazer as desgraças sobre Jó. O poder veio de Deus, já que Deus revela-nos isso ao dizer a Satanás "embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa" (Jó 2:3). Satanás era um adversário humano de Jó. Mais uma vez a ideia de um tentador sobrenatural só se encontra no livro de Jó se tivermos ideias pré-concebidas.

Satanás à direita

Uma passagem similar aparece em Salmos:

"Ó Deus do meu louvor, não te cales! Pois contra mim se desataram lábios maldosos e fraudulentos; com mentirosa língua falam contra mim. Cercam-me com palavras odiosas e sem causa me fazem guerra. Em paga do meu amor, me hostilizam; eu, porém, oro. Pagaram-me o bem com o mal; o amor, com ódio. Suscita contra ele um ímpio, e à sua direita esteja um acusador. Quando o julgarem, seja condenado; e, tida como pecado, a sua oração" (Salmo 109:1-7).

Temos que ter em conta que nesta passagem a primeira vez que aparece a palavra satanás foi traduzida for explicitamente traduzida mas está onde diz "hostilizam" mas no original tem a palavra satanás (por exemplo noutra tradução a palavra foi traduzida "Em paga do meu amor, são meus adversários"(RC)) e depois como "acusador" ou é deixada por traduzir como na Revista e Corrigida ("Põe acima do meu inimigo um ímpio, e Satanás esteja à sua direita"); Aqueles que pagavam mal por bem eram para o salmista satanáses ou adversários. Era meramente uma questão de justiça, que por sua vez, quando o adversário fosse levado a juízo, também deveria ter um adversário, neste caso um adversário justo, ao seu lado, para relembrar dos delitos e assegurar o seu castigo das mesma maneira que ele castigou os outros.

Lúcifer

O profeta Isaías inclui uma passagem, a qual é pensado por muitos como indicando que o diabo é um ser que foi expulso do céu e que anda pelo mundo afligindo a humanidade. As palavras do profeta são:

"Como caíste do céu, ó estrela da manhã[Lúcifer], filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!"

"Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte;"

"Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo."

"Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos[sheol], no mais profundo do abismo.

"Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os reinos?"

"Que punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades? Que a seus cativos não deixava ir para casa?" (Isaías 14:12-17)

A primeira coisa que notamos nesta passagem é que não existe qualquer sugestão de um tentador de humanos. É uma questão de ambição desmedida por parte de quem quer que seja o representado. Em segundo lugar, o ser é descrito, não como um monstro imortal, mas como "o homem que fazia estremecer a terra".

O caso é resolvido quando se toma em conta o contexto da passagem. O versículo 4 diz "proferirás este motejo contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! Como acabou a tirania! Quebrou o SENHOR a vara dos perversos e o cetro dos dominadores, que feriam os povos com furor, com golpes incessantes, e com ira dominavam as nações, com perseguição irreprimível."

Lúcifer, assim, não foi um anjo caído, mas o rei humano da Babilónia, o qual, ambicioso de reinar como um deus, foi derrotado pelos seus inimigos e atirado ao pó.

Este é o único lugar da Bíblia onde a palavra Lúcifer aparece, mas isto só nas traduções mais antigas nas modernas aparece como "estrela da manhã". Esta palavra vem da palavra Hebraica que significa "luzir" e o monarca da Babilónia, gabando-se de ser a estrela mais brilhante, ou seja tinha a maior glória na Babilónia.

O Querubim ungido

Um exemplo similar ao anterior aparece nas profecias de Ezequiel. A certa pessoa é dito o seguinte:

" Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos... Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti... Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor" (Ezequiel 28:13-17).

As palavras diabo e satanás não são mencionadas nesta passagem, mas alguns pensam que estas palavras referem-se ao tal ser. No entanto, esta ideia é insustentável quando descobrimos no seu contexto que a personagem a quem são dirigidas estas palavras é o orgulhoso príncipe de Tiro, gabando-se do seu poder e riqueza, ao qual lhe é dito "não passas de homem e não és Deus" (versículo 2).

Josué o Sumo Sacerdote

A passagem final que é necessário levar em consideração no Antigo Testamento, aparece na profecia de Zacarias. Josué o sumo sacerdote, é apresentado como estando presente antes o anjo do Senhor. E Satanás está à sua direita para lhe resistir. Satanás é repreendido pelo Senhor. Josué, que estava vestido de roupas sujas, é-lhe dito que os seus pecados foram-lhe perdoados. São tiradas as suas roupas sujas e em vez delas são lhe dadas roupas decentes, e na sua cabeça é colocado um turbante limpo (Zacarias 3:5).

Esta cena faz parte de uma visão simbólica e a sua explicação deve ser encontrada nos acontecimentos daqueles tempos. Este Josué era sumo sacerdote durante o período em que o templo dos Judeus estava a ser construido, depois do retorno dos judeus do cativeiro na Babilónia. Este projecto era "resistido" pelos governadores locais dirigidos por uma pessoa chamada "Tatenai", e só depois de muitas petições e requisitos, o Rei da Pérsia, naqueles tempos senhor da Palestina, deu permissão para que o trabalho fosse terminado (Esdras 5:3-17). A visão foi uma predição do curso dos factos. Tatenai foi um satanás, ou um adversário para os judeus já que se opunha aos seus desejos. No entando, ele foi repreendido por Deus, e a sua oposição foi destruida. Eventualmente Josué obteve o seu templo, uma bênção simbolizada pela mudança de roupas, e a colocação do turbante(mitra) na sua cabeça. Aqui mais uma vez não existe qualquer referência a um satanás imortal, mas sim a im adversário humano.

A tentação de Jesus

Já mencionamos que existem passagens no Novo Testamento, assim cono no Antigo, as quais parecem personificar o diabo, nesta presente secção esses textos serão analizados.

A tentação de Jesus foi registada pelos escritores do Evangelho, Mateus, Marcos e Lucas, em passagens que suplementam-se umas às outras. Com brevidade, os factos são os seguintes. Imediatamente depois do seu baptismo, Jesus sentiu uma forte necessidade de estar só para preparar-se para a sua missão. Por conseguinte, foi para o deserto onde passou 40 dias em jejum. Ao final deste tempo, durante o qual esteve com animais selvagens, e cuidado por anjos, teve fome. As seguintes palavras descrevem as três tentações que se seguiram.

  1. "Disse-lhe, então, o diabo: Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão..."

  2. "Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo... Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares."

  3. "Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem"

Jesus regeitou todas estas sugestões e ficou livre e pecado

Lucas chama ao agente da tentação o diabo" (diabolos). Marcos fala dele como satanás (satan). Já mostramos que "diabolos" singnifica caluniador ou falso acusador, e que "satanás" significa adversário. Para além disso vimos que a tentação surge da própria natureza do homem. Se aplicarmos estes conhecimentos à tentação de Jesus, tudo se torna claro. Quando o Senhor foi para o deserto, estava cheio do Espírito Santo, e tinha poder ilimitado. Consequentemente, não tinha necessidade de um monstro, mortal ou imortal, que lhe tentasse. A sua fome sugeriu-lhe que de pedras fizesse pão. O seu grande poder tentá-lo-ia a tomar controlo de todos os reinos do mundo, os quais lhe tinham sido prometidos (Salmo 2:6-8). O seu conhecimento de que era o Filho de Deus levou a pensar sobre a protecção de seu Pai. Todas estas ideias foram regeitadas, e as feras selvagens da tentação, foram distanciadas; os impulsos que teriam denegrido Deus, e que seriam um adversário para o seu propósito, foram completamente vencidos.

Muitas pessoas acham difícil a ideia que Jesus tenha sido tentado por pensamentos surgidos de si mesmo, ele pensam que este conceito é uma calunia contra o Nosso Senhor. Mas isto está de acordo com o que as Escrituras nos dizem acerca de Jesus - embora fosse o Filho de Deus, ele partilhou da mesma natureza que nós, e foi "ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança" (Hebreus 2:14; 4:15). O facto que sob estas circunstâncias foi "sem pecado" é o que o torna um exemplo perfeito para nós. Longe de ser uma calúnia esta ideia, põe em perspectiva verdadeira a sua maravilhosa façanha e a sua gloriosa vitória sobre a carne.

Cair do céu

Numa ocasião Jesus enviou os seus 70 discípulos com poder para fazer milagres. Eles voltaram regozijando-se, porque, até os "demónios" lhes estavam sujeitos, pelo que podiam curar doenças como loucura e epilepsia. Jesus ao responder disse-lhes: "Eu via Satanás caindo so céu como um relâmpago" (Lucas 10:18).

Nós já vimos que satanás foi pisado pelos pés do Cristianismo quando o Império Romano pagão foi derrotado pela religião de Jesus. Esta frase do Senhor é uma passagem paralela. Os governadores pagãos cairam das posições celestiais, ou posições de poder, no Império.

Os "anjos" que pecaram

No penúltimo livro da Bíblia, na Epístola de Judas, aparecem as seguintes palavras: "E a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia" (Judas 6). Palavras similares aparecem na segunda Epístola de Pedro(2 Pedro 2:4). As duas passagens são paralelas, e são os registos dos castigos de Deus, que em tempos passados enviou sobre os humanos sem fé. Entre os exemplos dados estão as pessoas impias que morreram afogadas pelo dilúvio nos tempos de Noé; os habitantes de Sodoma e Gomorra; e os israelitas desobediêntes os quais pereceram no duserto antes de entrar na terra prometida. No meio destes factos, o caso dos anjos caídos é mencionado. Portanto , deve ser suposto que estes anjos, ou mensageiros, como indica a palavra, sejam também humanos. A informação dada não permite uma identificação dogmática de quem são, mas parece ser que eram Corá, Datão e Abirão e os seus, os quais ainda que fossem príncipes da congrgação de Israel, rebelaram-se contra Moisés, e assim denegriram o seu cargo. A terra abriu a sua boca e enguliu-os na negridão. Talvez estejam lá, assim como diz reservados para o dia do juízo.

A mesma Epístola de Judas fala do arcanjo Miguel contendendo com o diablo pisputando o corpo de Moisés, e não é julgado nem amaldiçoado, mas é-lhe dito: "O senhor te repreenda" (Judas 9). Aqui, mais uma vez, o escritor deveria ter seres humanos no pensamento. Miguel representa Moisés, o qual estava sempre lutando contra o adversário, ou caluniador(pecado), pelo grupo de pessoas do qual ele era o guia(povo de Israel), e estava sempre disposto a pôr-se de lado e deixar que Deus decidisse o castigo. Por exemplo quando Corá e os seus companheiros se rebelaram, ele disse: "Amanhã pela manhã, o SENHOR fará saber quem é dele e quem é o santo" (Números 16:5).

Miguel

Uma passagem digna da atenção aparece no livro de Apocalipse. Diz assim: "Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles.E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos." (Apocalise 12:7-9).

À primeira vista, esta passagem parece sugerir que o diabo viveu literalmente no céu por algum tempo, mas quando o livro de Apocalipse, o qual se descreve a si mesmo como um livro de símbolos, é lido na totalidade, vemos que esta interpretação não pode ser mantida. No princípio do livro, no primeiro versículo é-nos dito claramente que trata de coisas "que em breve devem acontecer". O livro foi escrito pouco antes de 100 d.C, varios milhares de anos depois de Adão e Eva terem sido tentados e pecado no Éden. Consequentemente, a passagem não pode se referir à introdução do pecado no mundo. De facto esta informação é um amplificação da declaração de Jesus a qual acabamos de considerar, com relação à queda do paganismo. As religiões pagãs, com as suas práticas más, tinham enganado o mundo por muitos séculos. Agora o paganismo seria tirado da sua posição celestial de autoridade mundial pelo triunfo do Cristianismo, representado por Miguel e seus anjos.

A antiga serpente

Ideias similares são usadas no final do livro de Apocalipse

"Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos" (Apocalipse 20:1-5).

Mesmo que o paganismo tenha sido destronado quando Constantino o Grande estabeleceu o Cristianismo como religião do Estado do Império Romano, a sua influência persistiu no mundo, e agora o chamado Cristianismo mundial tem pouco em comum com a o Cristianismo original a não ser pelo nome. A sua conduta calunia Deus e obra como um adversário à Sua vontade. E assim deve ser removido como o paganismo de Roma o foi. E o versículo seguinte(Apocalipse 20:4) diz-nos que aqueles que foram servos fieis de Jesus viverão e reinarão com ele por mil anos. Jesus voltará em poder e grande glória; e assim como o poder pagão de Roma caiu do céu do poder, imgualmente cairão todos os reinos actuais da terra, já que são antagonizam Deus,e perderão o seu poderío e estarão sujeitos à Nova Ordem estabelecida pelo Senhor. Os termos "antiga serpente", "diabo" e "Satanás", são expressões do pecado humano e da sua oposição a Deus.

O resultado do nosso estudo do uso das palavras, Diabo, Demónios, e Satanás nas Escrituras mostra-nos claramente que não inclui qualquer ensino acerca de um tentador imortal. De facto a ideia provém dos tempos quando o homem era controlado por superstições e era regido pelas suas emoções e temores, antes que pela razão e a luz da Palavra de Deus.

Pelo contrário, a Bíblia diz-nos que ao morrer na cruz, Jesus destruiu o diabo, o qual tinha o poder da morte (Hebreus 2:14-15). Naquele tempo, esta destruição beneficiou somente a Jesus, mas o seu sacrifício mostrou-nos o caminho da vida, pelo qual aqueles que se converterem em servos de Deus como resultado da sua obediência ao Pai, podem conquistar as influências pecadoras, diabólicas e satânicas em si mesmos. Pela fé no Evangelho, por baptismo, e por modelar as suas vidas de acordo com a do Senhor, podem preparar-se para a sua segunda vinda. Então, serão chamados para Julgamento, sendo ressuscitados de entre os mortos, se morrerem antes da segunda vinda. Ali lhes será dada a vida eterna pelo Salvador, que transformará os seus corpos como o seu corpo glorioso (Filipenses 3:21) e livrá-los-á para sempre do pecado e da morte. Então Jesus destruirá o diabo como ele fez a si mesmo, e os libertará da possibilidade de pecar.

Missão Bíblica Cristadelfiana

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